Os exemplos do ministério de Jesus são reiteradas críticas à uma interpretação estreita da lei mosaica, principalmente de seus preceitos de pureza e observância do sábado, como interpretados pelos escribas e fariseus, porque não eram temperados pela compaixão.
Aliás, outros profetas da tradição judaica já haviam feito essas mesmas críticas no passado, como os autores de Isaias, Eclesiastes e Jó. Portanto, o comportamento pautado pelos ditames da sabedoria convencional, ou seja, pelos padrões de excelência que guiam a maior parte da sociedade, não eram no tempo de Jesus, e não são nos dias de hoje, garantia de comportamento verdadeiramente espiritual. O homem deve usar o seu discernimento em cada caso, guiando-se pelo coração, ou seja, tendo a compaixão como bússola para nortear sua rota no relacionamento com as pessoas e o mundo.
Talvez a expressão de Jesus: “é pelos seus frutos que os
reconhecereis”(Mt 7:20) seja um resumo de sua crítica à posição farisaica. As
aparências externas de práticas religiosas e obediência à lei não eram garantia
de uma alma pura e elevada. [159] O comportamento naturalmente amoroso e um
verdadeiro senso de dever comandado pelo coração e pela razão é uma indicação
mais certa do homem verdadeiramente justo. O que importa é o que vem do coração
e não a preocupação com crenças e comportamentos sancionados pela tradição. Na
prática, crença e comportamento podem se tornar uma religião de segunda mão,
herdada pela tradição, deixando, porém, o homem egoísta em seu interior, apesar
dele acreditar estar fazendo as coisas corretas.
Fonte: livro OS
ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ Raul Branco
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