Parvati é a
primeira reencarnação de Shákti, e personifica a suavidade e o instinto
maternal. É representada como uma mulher muito bonita, de seios grandes e
quadris largos – simbolizando a fecundidade. Seus devotos recorrem a ela para
pedir fertilidade e harmonia no casamento. Segundo os Vedas, Parvati é a única
esposa de Shiva capaz de aplacar a ira do marido.
Parvati é uma
divindade largamente idolatrada pelos hindus. É conhecida como cônjuge de Shiva
e mãe de Ganesha. Por este motivo, aqui explicamos seu aparecimento e sua
interação com eles.
Parvati é uma das
formas da deusa Shakti, especialmente criada para seduzir Shiva. Veja abaixo a
história detalhada da criação de Parvati, desde o momento em que Shiva perdeu
seu primeiro amor:
Profundamente
triste com a morte do primeiro amor de Shiva (Sati), ele se isolou em uma
caverna escura no Himalaia. Enquanto isso, os demônios liderados por
Taraka, vieram e expulsaram os deuses para fora do paraíso. Os deuses
precisavam de um guerreiro que pudesse ajudá-los a restaurar a ordem celestial.
"Apenas Shiva
pode lutar como um guerreiro" disse Brahma. Mas Shiva, imerso na
meditação, estava alheio aos problemas dos deuses. Sua meditação produziu
grande força e energia. Sua mente estava cheia de bons conhecimentos e seu
corpo tornou-se resplandecente de energia. Mas todo seu conhecimento e energia,
dentro de seu ser, não podia ser usado para ninguém. Os deuses
invocaram à deusa mãe, Shakti, para que encontrasse uma forma de contornar a
situação.
"Eu vou me
enroscar ao redor de Shiva, e absorver seu conhecimento e energia para o bem do
mundo e farei dele o pai de uma criança." disse Shakti. Shakti então
encarnou como Parvati, determinada a retirar Shiva de dentro de sua caverna e
fazer dele seu cônjuge.
Todos os dias
Parvati visitou a caverna de Shiva, limpou o chão, decorou-a com flores e
ofereceu a ele frutas, esperando ganhar dele o amor. Mas Shiva nunca abriu
seus olhos. Exausta, a deusa invocou Priti e Rati, deusas do amor e da
longevidade. Essas deusas
entraram na caverna de Shiva e a transformaram em um belo jardim cheio da
fragrância de flores e com o som de abelhas. Guiada por Priti e Rati,
Kama, o deus do desejo, assoprou e atirou flexas de desejo no coração de Shiva. Shiva
ficou furoso. Ele abriu seu terceiro olho e liberou chamas de fúria que
engoliram Kama e reduziram seu belo corpo a cinzas. A morte de Kama
alarmou os deuses. "Sem a deusa do desejo, o homem não poderá abraçar a
mulher e a vida cessará."
"Eu devo
encontrar outra forma de atingir o coração de Shiva. Quando Shiva se tornar meu
cônjuge, Kama renascerá." disse Parvati.
Parvati entrou na
floresta e executou rigorosos tapas, não se vestindo para proteger seu corpo do
clima rigoroso, não comendo nada, nem mesmo uma folha. Ao executar esses
rigorosos procedimentos, Parvati ganhou a admiração das entidades da floresta,
que a nomearam Aparna.
Aparna tocou Shiva
em sua capacidade de se excluir do mundo e dominar seus desejos físicos. A
força de seus tapas acordaram Shiva de sua meditação. Ele caminhou para fora da
caverna e aceitou Parvati como sua esposa.
Shiva casou-se com
Parvati na presença dos deuses, seguindo os rituais sagrados. Depois, levou-a
para o local mais alto do cosmos, o monte Kailasa, o pivô do universo. Eles
então se tornaram um e Kama pôde renascer.
Parvati amoleceu o
coração empedrado de Shiva com seu afeto. Juntos eles descobriram as alegrias
da vida de casados. A deusa acordou Shiva para o mundo, despertando nele vários
desejos. Em troca, ele revelou a ela os segredos dos Tantras e dos Vedas, que
ele havia adquirido durante a meditação.
Inspirado na
beleza de Parvati, Shiva tornou-se o fomentador das artes, da dança e do
teatro.
Conforme o combinado
com os deuses, Parvati deu a aura de Shiva para eles e disse: "Daqui vocês
vão poder retirar o deus da guerra que vocês procuram."
Os deuses deram a
aura de Shiva para Svaha, cônjuge de Agni, a deusa do fogo. Incapaz de
conservar a força da aura por muito tempo, Svaha deu a aura para Ganga, a deusa
do rio, que refrigerou-a em suas águas congelantes, até que a aura de Shiva se
transformasse em uma semente.
Aranyani, a deusa
da floresta, embebeu a semente divina no solo fértil da floresta, que cresceu e
se transformou em uma criança robusta com seis cabeças e doze braços. As
seis ninfas da floresta, chamadas Krittikas, encontraram esta bela criança em
uma lotus. Tomadas de afeição materna, começaram a cuidar da criança. O filho
de seis cabeças de Shiva, nascido de várias mães, tornou-se conhecido como
Kartikeya.
Parvati ensinou a
Kartikeya a arte da guerra e transformou-o em um guerreiro celestial chamado
Skanda. Skanda comandou os soldados celestiais, derrotou Taraka na batalha e
restaurou o paraíso aos deuses. Skanda, guardiã do paraíso, destruiu
muitos demônios que se opuseram ao reinado dos deuses. Mas ele não conseguiu
derrotar o demônio Raktabija. Jamais o sangue deste demônio tocou o chão, pois
quando ele jorrava, tranformava-se em milhares de novos demônios. Ele parecia
indestrutível.
Para ajudar seu
filho em sua batalha para afugentar os três mundos do demônio, Parvati entrou no
campo cósmico da batalha como a temida deusa Kali.
Kali sugou o
sangue que jorrava do demônio com sua longa língua antes que o sangue pudesse
se transformar em novos demônios. Raktabija, sem poder se reproduzir, foi
perdendo sua força. Então Skanda foi capaz de derrotar Rajtabija e todas as
duas replicações com facilidade.
Skanda agradeceu
sua mãe por sua ajuda. Para celebrar sua vitória, Kali dançou muito no campo de
batalha.
Intoxicada pelo
sangue de Raktabija, Kali correu pelos três mundos, destruindo tudo e todos os
que estavam em seu caminho. Para acalmá-la, Shiva tomou a forma de um cadáver e
bloqueou seu caminho. Como deusa, cega pelo sangue, ver o corpo de seu cônjuge
sem vida foi um choque que tirou-a do êxtase. Ela caiu em si e quis saber se
havia matado seu próprio marido. Ela pôs um pé em Shiva e o trouxe de volta à
vida.
Shiva então tomou
a forma de uma pequena criança e começou a chorar, trazendo o amor maternal
para o coração de Kali. Isso forçou-a a mudar para sua próxima forma: Gauri, a
mãe radiante, provedora da vida.
Gauri disse a
Shiva que desejava ter uma criança. Mas Shiva não estava interessado em uma
família. Ele se afastou dela e foi à floresta fazer tapas. Determinada a
ser uma mãe, Parvati decidiu criar um filho dela própria sem a ajuda de seu
marido. Ela cobriu sua face com pasta de sândalo, retirou a pele morta,
misturou-a e moldou-a em uma bela boneca, para a qual ela assoprou a
vida. Então ela ordenou ao seu filho recém Criado, cujo nome é Ganesha,
que vigiasse sua caverna e dela afastasse todos os estranhos. Quando Shiva
retornou para Kailas, Ganesha não o reconheceu e o impediu de entrar na
caverna.
Irritado pela
insolência da criança, Shiva pegou seu tridente e cortou sua cabeça. Quanto
Parvati viu o corpo de seu filho sem cabeça, ela chorou copiosamente. Para acalmar
Parvati, Shiva ressucitou a criança, colocando uma cabeça de elefante no
pescoço cortado. Shiva também aceitou Ganesha como o primeiro de seus
filhos.
Ganesha, que
impediu Shiva de atravessar a porta de da caverna de sua mãe, tornou-se adorado
como o removedor de obstáculos, o senhor dos inícios e o senhor do
aprendizado. Com Parvati de seu lado, Shiva tornou-se um homem de família.
Mas ele não abandonou sua forma de heremita: ele continou a meditar e imergir
em sonhos. Sua falta de cuidado, sua recusa de responsabilidades algumas vezes
irritou Parvati. Mas então ela voltava a si, conformava-se com os caminhos não
convencionais de seu marido e restaurava a paz. A conseqüente paz matrimonial
entre Parvati e Shiva assegurou a harmonia entre matéria e espírito e trouxe
estabilidade e paz para o cosmos.
Parvati também se
tornou Ambika, deusa da segurança de casa, do matrimônio, da maternidade e da
família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário