Há
uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos, por seu
encanto e por sua doçura: a dos anjos da guarda. Pensar que tendes
sempre ao vosso lado seres que vos são superiores, que estão sempre
ali para vos aconselhar, vos sustentar, vos ajudar a escalar a
montanha escarpada do bem, que são amigos mais firmes e mais
devotados que as mais íntimas ligações que se possam contrair na
Terra, não é essa uma ideia bastante consoladora?
Esses
seres ali estão por ordem de seu Deus, que os colocou ao vosso lado;
ali estão por seu amor, e cumprem junto a vos todos uma bela mas
penosa missão. Sim, onde quer que estiverdes, vosso anjo estará
convosco: nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na
solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do
qual vossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios
conselhos.
Aos
que pensassem que é impossível a Espíritos verdadeiramente
elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa e de todos os
instantes, diremos que influenciamos as vossas almas, embora estando
a milhões de léguas de distância: para nós o espaço não existe,
e mesmo vivendo em outro mundo os nossos Espíritos, conservam sua
ligação convosco. Gozamos de faculdades que não podeis
compreender, mas estais certos de que Deus não vos impôs uma tarefa
acima de vossas forças, nem vos abandonou sozinhos sobre a Terra,
sem amigos e sem amparo.
Cada
anjo da guarda tem o seu protegido e vela por ele como um pai vela
pelo filho. Sente-se feliz quando o vê no bom caminho; chora quando
os seus conselhos são desprezados.
Não
temais fatigar-nos com as vossas perguntas; permanecei, pelo
contrário, sempre em contato conosco: sereis então mais forte e
mais felizes. São essas comunicações de cada homem com seu
Espírito familiar que fazem médiuns a todos os homens, médiuns
hoje ignorados, mas que mais tarde se manifestarão, derramando-se
como um oceano sem bordas para fazer refluir a incredulidade e a
ignorância. Homens instruídos, instruí; homens de talento, educai
vossos irmãos. Não sabeis que a obra assim realizais: é a do
Cristo, a que Deus vos impõe. Por que Deus vos concedeu a
inteligência e a ciência, senão para as repartirdes com vossos
irmãos, para os adiantar na senda da ventura e da eterna bem
aventurança?
São
Luis, Santo Agostinho
Fonte:
Texto extraído do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec
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