segunda-feira, 14 de setembro de 2015

ANIMISMO


Animismo é o “sistema fisiológico que considera a alma como a causa primária de todos os fatos intelectivos e vitais”.
O fenômeno anímico, portanto, na esfera de atividades espíritas, significa a intervenção da própria personalidade do médium nas comunicações dos espíritos desencarnados, quando ele impõe nelas algo de si mesmo à conta de mensagens transmitidas do “Além-Túmulo”.
Assim, quando os aficionados do espiritismo afirmam que determinada comunicação mediúnica foi “puro animismo” querem explicar que a alma do médium ali interveio com exclusividade, tendo ele manifestado apenas seus próprios conhecimentos e conceitos pessoais, embora os rotulasse com o nome de algum espírito desencarnado.
Essa interferência anímica inconsciente, por vezes, é tão sutil, que o médium é incapaz de perceber o quanto o seu pensamento intervém ou quando é o espírito comunicante que transmite suas ideias pelo contato espiritual.  
Servindo-nos dos médiuns da Terra, curvamo-nos imensamente gratos ao Pai pelo ensejo de podermos inspirá-los em favor da ventura, do bem e da alegria dos seres humanos. Por isso não desprezamos a oportunidade dos médiuns anímicos quando eles nos interpretam a seu modo pessoal, desde que conservem a ideia central e autêntica daquilo que lhes incutimos na alma.
Quando o médium não tem o intuito de enganar os que o ouvem, não podemos admitir a mistificação inconsciente. A comunicação anímica é decorrente da falsa suposição íntima de a criatura julgar-se atuada por espírito, por cujo motivo transmite equivocadamente suas próprias ideias.
Quando um médium anímico culto, sensato e de conduta moral irrepreensível, expõe seus pensamentos em alto teor intelectivo e espiritual, podemos classificá-lo como criatura que supera a maioria dos médiuns, pois, se é inteligente, de moral superior e sensível a vida espiritual angélica, não deixa de ser um médium intuitivo-natural, um feliz inspirado que pode absorver diretamente na Fonte Divina os mais altos conceitos filosóficos da vida imortal e as bases exatas da ascese espiritual.
No entanto, o médium anímico, mas inculto, sugestionável, enfermiço ou moralmente falho é a vítima passiva de suas próprias ideias fixas, das emersões da memória pregressa e das sugestões anímicas medíocres.
O médium totalmente anímico é sempre a vítima passiva do seu próprio espírito, que pensa e expõe sua mensagem particular sem qualquer interferência exterior. O médium propriamente dito, mesmo quando obsidiado, ainda é um medianeiro, um instrumento das intenções ou dos desejos de outrem.
Quanto ao médium totalmente anímico, ainda de poderia estabelecer duas classificações:
- o anímico passivo, que é vítima absoluta de suas ideias e impressões;
- anímico ativo, capaz de perquirir os acontecimentos e os fenômenos da vida oculta, para depois expô-los em nome de terceiros.
Reconhecemos a interferência ou associação de ideias no médium consciente, porque no seu esforço para lograr a passividade no transe, ele toma o conteúdo de sua alma como sendo manifestação alheia.
O médium não é boneco vivo, insensível e de manejo mecânico, mas sim uma organização ativa com vocabulário próprio e conhecimentos pessoais adquiridos pela sua experiência e cultura humana.
Quando se trata de médiuns conscientes ou semiconscientes, só lhes resta a tarefa de vestir e ajustar honesta e sinceramente as ideais e as frases que melhor correspondem ao pensamento que lhes é manifesto pelos espíritos desencarnados através do seu contato perispiritual.
Assim, os comunicantes ficam circunscritos quase que totalmente à vontade e às diretrizes intelectuais e emotivas do seu intérprete encarnado, o qual fiscaliza, observa e até modifica conscientemente aquilo que foi incumbido de dizer. 
É tão sutil a linha divisória entre o mundo espiritual e a matéria, que a maioria dos médiuns conscientes e bisonhos dificilmente logra perceber quando predomina o pensamento do desencarnado ou quando se trata de sua própria interferência  anímica.
Só depois de alguns anos de trabalho assíduo na seara mediúnica, estudos profícuos, afinada sensibilidade mediúnica, muita capacidade de autocrítica e introspecção freudiana é que o médium logra dominar e distinguir com êxito o fenômeno anímico.
... os guias não objetivam a criação de autômatos mediúnicos, espécies de “robôs acionáveis à distância.
É mais importante para o bom “guia”, o progresso intelectivo, o desembaraço e a integração evangélica do seu médium, do que mesmo o êxito brilhante de sua manifestação mediúnica.
Quando o médium e o espírito manifestante afinam-se pelos mesmos laços intelectuais e morais, ou coincide semelhança profissional, as comunicações mediúnicas tornam-se flexíveis, eloquentes e nítidas.
Portanto, entre os espíritos desencarnados e o médium que os recepciona, recrudesce o entusiasmo, a coerência e clareza do assunto em exposição, quando entre ambos também há similaridade de conhecimentos, gostos e intenções.
Os médiuns em sua generalidade são intuitivos e não podem libertar-se completamente do animismo, que apenas varia mais ou menos de intensidade neste ou naquele médium.
Os espíritos não se preocupam em eliminar radicalmente o animismo nas comunicações espíritas, porque o seu escopo principal é o de orientar os médiuns aos poucos, para as maiores aquisições espirituais, morais e intelectivas, a ponto de poderem endossar-lhes depois as comunicações anímicas como se fossem de autoria dos desencarnados.
O médium sensato, laborioso e culto alcança tal êxito na sua tarefa mediúnica, que  basta ao seu guia dar-lhe o toque fluídico familiar e delinear-lhe o tema que deve expor ao público, para a comunicação fluir espontaneamente e submissa ao programa de esclarecimento delineado pelos mentores da casa ou da instituição espírita.
Os espíritos protetores rejubilam-se quando comprovam que o seu pupilo já exerce de modo sensato e satisfatório o seu comando psíquico, tornando-se capaz de esclarecer e doutrinar  o público à maneira de orador exímio, em vez de simples “robô” que transmite mecanicamente às mensagens dos espíritos desencarnados, mas sem  a convicção espiritual  daqueles que comunicam inteligentemente.

Texto de Norberto Peixoto.

Para maiores esclarecimentos sobre o tema consultar:
- MEDIUNISMO – Ramatís – Psic. Hercílio Maes
Cap.19 – Algumas observações sobre animismo
Cap.20 – O aproveitamento anímico nas comunicações mediúnicas
- Aksakof, Alexander- Animismo e Espiritismo – FEB-RJ
- Xavier, Francisco Candido – Mecanismos da Mediunidade
- Delanne, Gabriel – A evolução Anímica – FEB.


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