domingo, 5 de abril de 2015

Mensagem de Exu Guardião Tranca-Rua



Mesmice que cega o vidente de tudo ver e nada sabe o que está sendo enxergado a um palmo do seu nariz. As vozes das entranhas do seu cheiro estão ensurdecendo os dignos de alegria no agora. As badaladas dos tropeços com os espinhos dos acertos fazem a sua cama para o adiantado da hora. A noite é sua moça e o sol é o seu irmão, mas... A madrugada é a mulher dama que enche os olhos de quem passa pelas ruelas com a mente repleta de álcool e um pouco de promiscuidade. Nada de vazio para o agora, porque na sua cartola somente elefantes saem e se divertem. Os campos estão cheios de reprodutores aguardando uma chance de serem abortados por suas mãos manchadas de suor, de tanto pensar em comprar a felicidade. Pare de deixar de entender o que é óbvio, essa imensa loucura lúcida que “Os Lusíadas” falavam em outrora. Grande herói da história, Pompeu chegou para derrubar as muralhas dos eleitos e fazer nova história. Nada de homem na lua, ou mulher pelada na revista para passar o tempo. Meu nome é Tranca-Rua e não preciso de sobrenome. A piada é essa e a gargalhada é a minha sina em seguir pelo bem, sem machucar ninguém. Acendo uma vela para o irmão desencarnado e outra para o satanás que mora em você, com fé de que um dia anjos e demônios lutem até serem melhores amigos. O Planeta? Já deixou de existir há muito tempo, por isso que os sobreviventes não deixam as informações chegarem aos ouvidos de quem por direito gostaria de saber: o povo encarnado e sujo de magmas plasmáticos dessa vibração. Não sou poeta nem escritor, meu nome é Tranca-Rua, meu Senhor. Mais uma lição para o dia de hoje: o nada existe para aquele que deseja ter o todo de qualquer forma. Não existe saberoto de tudo sem renegar algo e deixar pendências por onde se compromete. Dedique-se aos afazeres que terá possibilidade de conduzir até o final, sem grandes expectativas para o amanhã incerto. A chama que acende hoje é para Orixá, e só quem tem de verdade sabe o que digo. Muitos são os caminhos que levam a Zambi no seu patamar superior, mas poucos entendem os sinais de quando é hora de parar e dedicar-se ao que realmente gosta e satisfaz os seus Eus. Sim, para alcançar a paz é necessário que tenha solidariedade com você mesmo e depois com você, para depois com você, saber o que você quer. Nada de egoísmos, nem usurpações de pensamentos e comportamentos... A vida é feita de arrepios e aprendizados com seus erros e com os deslizes do outro, certo de que é certo e nada sabe. Por isso que esconde seus medos e mistérios em capas chamadas de entidades fidedignas para amedrontar os outros dos seus medos e precipitações. Ah... Nada como saber tudo antes de qualquer atitude, nada como saber em qual campo minado está a caminhar, rumo à solidariedade para quando o feitiço voltar para o bruxo de branco, você o aguardar de alguidar aberto para servir uma farofa de dendê com sete velas pretas acesas. Ah... Que descarrego agradável, meu irmão. Nunca ri tanto com essas coisas que deixam para mim, sem saber se quero e se pedi daquela forma. Simplesmente, chuto a oferenda para ver se algum vampiro de plantão pega e saboreia de um alimento puro em desejos materiais. Acho que hoje falei demais, porque minha língua está coçando por uma pimenta malagueta servida como bebida em sua máxima seiva. Aprendi a ficar calado, mas também sei dizer as verdades para quem nunca pensou em ouvir. Sou diferente de alguns que muito diz e pouco chega, na encruza, para fazer um bom trabalho. Agradeço a todos os troféus que deixaram cheios de álcool para o outro, porque terei muito tempo em fazer o bem enquanto ele enche a cara e fica muito tempo no porre. Bebo quando eu quiser e ninguém pode criticar as vezes em que apenas pedi o charuto com gosto de cana. A maldição dos pobres de espírito é pensar que os seus sempre são maiores do que os outros, e que nada que vem de fora pode ser aproveitado no que já tem aqui dentro. Não quero ter certeza de nada nessa minha vida, mas de uma coisa eu tenho certeza: de que o meu nome ninguém esquece nos momentos de lágrimas e ranger de dentes, como sete mais sete, são dois Tranca-Ruas sentados na encruza esperando próximo desencarnado. A lição parece longa, mas está perto do fim. O fim de entender que saber conversar com entidade é ter respeito e usar a sua sabedoria. Depois, a fórmula é entregue pelos seus se realmente tem, e fortalecido pelo reconhecimento daquele que enchia a boca para ditar ordens e baixa a cabeça agora diante dessas verdades. Dizer que é entidade é fácil, difícil é assumir posturas verdadeiras e dizer seu nome de batismo. Dar recado pelos outros é muito bom, melhor ainda é quando o recado vem de você para o outro, olho no olho, sem intervenção. O espiritual ajuda àquele que abre as portas do pensamento e do coração para boas ações sem imitações ultrapassadas. O exemplo do outro faz parte da história de vida que não pertence a você. Se deu certo para ele, possa ser que o seu caminho seja semelhante, mas nunca igual. Agora digo nunca com a boca cheia, porque a certeza de que você está entendendo o que estou dizendo é como sete mais sete desse um Tranca-Rua sem sobrenome aqui na sua frente. Boa noite!

Psicografia de Thyago Avelino - Disponível no livro ÁGUAS DE ARUANDA

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