segunda-feira, 13 de abril de 2015

A UMBANDA É UNIVERSALISTA


A doutrina de Umbanda, por ser universalista, não veta ou despreza nenhuma divindade cultuada em outras religiões. O conhecimento mais profundo das hierarquias divinas revela que uma divindade ou um espírito Ascenso, ou que se divinizou, tem caráter universal e atende, dentro dos limites da Lei Maior, a todos os que o invocarem solicitando auxílio ou sua interseção junto a Deus.
A própria transposição dos Orixás da natureza para o interior das nascentes tendas de Umbanda processou-se por meios dos santos católicos, e até do Divino Jesus Cristo, que ocultava com sua singela imagem humana o Divino Mestre Oxalá.
Por isso, a doutrina de Umbanda não refuta o uso de imagens nos templos: por trás da imagem de um espírito santificado oculta-se a presença de um Orixá "humanizado" por intermédio, justamente, do santo já conhecido de todos.
O conhecimento superior das hierarquias divinas nos mostra que um espírito, quando se universaliza, abre um campo de atuação tão amplo que ultrapassa a religião que possibilitou sua elevação e ascensão dentro das hierarquias divinas sustentadoras da evolução de toda a humanidade.
Por isso, a doutrina da Umbanda recorre aos ícones sagrados de outras religiões e os acolhe como sinais exteriores de divindades pouco conhecidas, mas muito atuantes nos dois planos da vida. E, onde um espírito afim com ela se manifesta como guia de Umbanda, ali se encontra uma imagem, um ícone religioso ou um símbolo gráfico que assinala a regência da tenda e dos trabalhos espirituais pela divindade que o tem amparado no lado espiritual da vida.
E, mesmo que a muitos isso tenha passado despercebido, o fato é que se muitas tendas de Umbanda ostentam em seus altares imagens de hindus, elas estão sinalizando que um espírito que ali se manifesta não foi índio ou negro, mas sim um hindu, em sua última encarnação. E que sua formação religiosa se procedeu em solo hindu, onde ele cultuava uma divindade conhecida por seu nome sânscrito, que não era um nome africano ou americano e muito menos cristão.
Mas, como o conhecimento das divindades, já em níveis superiores, diz-nos que não existe mais do que um Deus e nem que dois mistérios sejam absolutamente iguais, no entanto, esse mesmo conhecimento nos diz que um mistério divino tem alcance planetário, multidimensional e possui suas hierarquias espalhadas por todas as religiões. Quando uma nova religião é fundada, as divindades planetárias deslocam algumas de suas hierarquias espirituais para que se unam às hierarquias das outras divindades planetárias e dêem sustentação à nascente religião até que ela própria consiga estabelecer suas hierarquias humanas constituídas só por espíritos formados já dentro de sua doutrina religiosa.
Por isso é que na Umbanda se manifestam tantos espíritos estrangeiros, quando o lógico e natural seria só se manifestarem espíritos de africanos, índios brasileiros e cristãos convertidos às duas religiões naturais que deram origem à Umbanda.
O fato é que hierarquias inteiras foram deslocadas de seus campos de atuação, dentro das religiões que as formam, e foram colocadas à disposição das divindades regentes do nascente Ritual de Umbanda Sagrada. Trouxeram para a Umbanda suas formações religiosas, suas apresentações humanas e suas formas particulares de cultuar o Divino Criador, mas já se adequando às linhas mestras traçadas pelos espíritos superiores que idealizaram a nascente Umbanda.


Rubens Saraceni
Texto extraído do livro Código de Umbanda 

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