A
doutrina de Umbanda, por ser
universalista, não veta ou despreza nenhuma divindade cultuada em outras
religiões. O conhecimento mais profundo das hierarquias divinas revela que uma
divindade ou um espírito Ascenso, ou que se divinizou, tem caráter universal e
atende, dentro dos limites da Lei Maior, a todos os que o invocarem solicitando
auxílio ou sua interseção junto a Deus.
A
própria transposição dos Orixás da natureza para o interior das nascentes
tendas de Umbanda processou-se por meios dos santos católicos, e até do Divino
Jesus Cristo, que ocultava com sua singela imagem humana o Divino Mestre Oxalá.
Por
isso, a doutrina de Umbanda não refuta o uso de imagens nos templos: por trás
da imagem de um espírito santificado oculta-se a presença de um Orixá "humanizado"
por intermédio, justamente, do santo já conhecido de todos.
O
conhecimento superior das hierarquias divinas nos mostra que um espírito,
quando se universaliza, abre um campo de atuação tão amplo que ultrapassa a
religião que possibilitou sua elevação e ascensão dentro das hierarquias
divinas sustentadoras da evolução de toda a humanidade.
Por isso, a doutrina da Umbanda recorre aos ícones sagrados
de outras religiões e os acolhe como sinais exteriores de divindades pouco
conhecidas, mas muito atuantes nos dois planos da vida. E, onde um espírito
afim com ela se manifesta como guia de Umbanda, ali se encontra uma imagem, um
ícone religioso ou um símbolo gráfico que assinala a regência da tenda e dos
trabalhos espirituais pela divindade que o tem amparado no lado espiritual da
vida.
E,
mesmo que a muitos isso tenha passado despercebido, o fato é que se muitas
tendas de Umbanda ostentam em seus altares imagens de hindus, elas estão
sinalizando que um espírito que ali se manifesta não foi índio ou negro, mas
sim um hindu, em sua última encarnação. E que sua formação religiosa se
procedeu em solo hindu, onde ele cultuava uma divindade conhecida por seu nome
sânscrito, que não era um nome africano ou americano e muito menos cristão.
Mas,
como o conhecimento das divindades, já em níveis superiores, diz-nos que não
existe mais do que um Deus e nem que dois mistérios sejam absolutamente iguais,
no entanto, esse mesmo conhecimento nos diz que um mistério divino tem alcance
planetário, multidimensional e possui suas hierarquias espalhadas por todas as
religiões. Quando uma nova religião é fundada, as divindades planetárias
deslocam algumas de suas hierarquias espirituais para que se unam às
hierarquias das outras divindades planetárias e dêem sustentação à nascente
religião até que ela própria consiga estabelecer suas hierarquias humanas
constituídas só por espíritos formados já dentro de sua doutrina religiosa.
Por
isso é que na Umbanda se manifestam tantos espíritos estrangeiros, quando o
lógico e natural seria só se manifestarem espíritos de africanos, índios
brasileiros e cristãos convertidos às duas religiões naturais que deram origem
à Umbanda.
O
fato é que hierarquias inteiras foram deslocadas de seus campos de atuação,
dentro das religiões que as formam, e foram colocadas à disposição das
divindades regentes do nascente Ritual de Umbanda Sagrada. Trouxeram para a
Umbanda suas formações religiosas, suas apresentações humanas e suas formas
particulares de cultuar o Divino Criador, mas já se adequando às linhas mestras
traçadas pelos espíritos superiores que idealizaram a nascente Umbanda.
Rubens
Saraceni
Texto
extraído do livro Código de Umbanda
Nenhum comentário:
Postar um comentário