O
transe de terreiro ou manifestação mediúnica na Umbanda pode
causar conflito e receio em muitos iniciantes. Um dos maiores medos
para o médium deseducado é a própria catarse – “possessão”
– pelo fato de não querer perder o controle de si mesmo, aliado a
demonização das religiões mediúnicas existente no subconsciente
coletivo, pois na sua cabeça ou imaginação significa que a
manifestação seja uma coisa “ruim”, até do "demônio",
acompanhada de uma espécie de apagão - anestesia geral -,
bloqueando seus sentidos, audição, visão, tato, olfato e paladar.
E isto não mais ocorre, com perda total da consciência, e
justamente são esses sentidos alterados, mas conscientes, que os
espíritos utilizam para o perfeito transe ou manifestação quando
devidamente educados objetivando o aconselhamento espiritual.
O
medo ativa o psiquismo negativamente interferindo na integração
mediúnica com a entidade. A manifestação é uma questão de
sensibilidade preexistente, antes da reencarnação e que exige
sintonia e entrega do médium, podendo ter variações de uma pessoa
pra outra. O ambiente do terreiro, ritualizado com método e
disciplina, pode oferecer a segurança necessária com o tempo devido
de prática. Para melhor compreensão nas diversas variações da
manifestação, vamos comparar o transe a uma tomada de energia. Os
médiuns são “iguais” a vários aparelhos eletrodomésticos. Se
pegarmos uma geladeira e colocarmos na tomada ela vai refrigerar, mas
se colocarmos um ferro elétrico ele vai esquentar, um ventilador ele
vai girar e fazer vento e assim sucessivamente.
Conclusão:
o método ritual disciplinador é o mesmo para todos, mas a ligação
é interna de cada um, que são consciências milenares e diferentes
entre si, cada um dando o que possui no seu inconsciente ancestral.
Cada indivíduo emana a essência de sua ancestralidade espiritual;
em caso de qualquer dúvida ou conflito, procure ajuda de dirigentes
sérios, pessoas com experiência prática na mediunidade de terreiro
e que sejam “abertas” ao estudo. Todos os iniciantes precisam de
orientação para compreensão adequada do transe ou manifestação
mediúnica no seu início, e todos nós por toda a vida, pois nunca
estaremos “prontos”, pois somos eternos aprendizes.
(Texto de Norberto Peixoto)
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