terça-feira, 19 de maio de 2015

Animismo , incorporação e mistificação


Temas sempre bem vindos ao se falar sobre manifestações mediúnicas na Umbanda. O temor creio que da maioria dos médiuns é justamente o fato de “tudo” ser fruto de sua cabeça e imaginação e não uma manifestação genuína de uma entidade. Claro, falo isso dos médiuns sérios e comprometidos com um exercício fiel e honesto de suas faculdades e não aos vaidosos e mal intencionados que tem aos montes por aí. Geralmente estes têm em mente duas coisas; APARECER, OU, GANHAR A VIDA À CUSTA DA FÉ ALHEIA. 
A questão do animismo é um assunto muito vasto, onde podemos ir por vários caminhos, mas a princípio trataremos de sua forma mais simples e mais comum nos terreiros. Guardem este texto, pois trarei mais para frente, um teor mais aprofundado de animismo, e esta matéria, será de grande ajuda para entender o aspecto mais profundo do assunto central. 

O que é animismo?

Em seu aspecto primário, é a manifestação da psique do médium em vez de sua entidade. É quando ele passa a frente da entidade e fala e age como se fosse a entidade. Porém esse processo é inconsciente e o médium não sabe que as palavras ou as ações são dele mesmo e não de sua entidade. 

O que é mistificação?

Diferente do animismo, a mistificação é a ação consciente do médium, que sabe não estar sob influência da entidade, mas age como se estivesse. É o clássico charlatanismo. 
Muitas pessoas confundem o animismo com a mistificação, mas são coisas distintas. 

Incorporação x psicofonia

Já a incorporação é o processo mediúnico onde a entidade tem domínio do médium e age em seus centros nervosos e motores e tem uma liberdade de ação e “voz” que ultrapassa a vontade e mental do médium. 
Porém o termo incorporação é usado popularmente pra qualquer tipo de mediunidade onde a entidade “fale” através de um médium. Mas existem diferenças nesses processos. Foram criador vários nomes como mediunidade intuitiva, incorporação por intuição, incorporação consciente, etc. Mas para simplificar eu costumo dividir em 2 tipos apenas: a incorporação e a psicofonia. Na psicofonia não há o domínio físico do médium e a manifestação da entidade se dá por um processo mental somente. Esse tipo de mediunismo é o recorrente em casas espíritas, pois o médium precisa estar à frente sempre do espírito comunicante, pois este, na maioria das vezes, é de natureza negativa, perturbada e carente de ajuda e orientação. Logo, ele não pode ocupar o “comando” de centros físico do médium. Há a proximidade do espírito e o médium capta de seu psicossoma sua energia, natureza e como um diálogo de mente pra mente, o médium transmite o que o espírito está falando para ele. 
Já nos terreiros de Umbanda a natureza dos espíritos comunicantes é outra, e estes agem em nosso corpo através das irradiações para nosso equilíbrio e sintonia mediúnica e espiritual e nosso corpo reage com sensações e movimentos involuntários, já que a entidade vai tomando conta de nossa matéria. Esse acoplamento por assim dizer, não ocorre de um dia para o outro. É claro que o tempo é relativo de pessoa para pessoa, mas se a capacidade existe no “aparelho”, as entidades irão trabalhá-la para que esteja tudo em harmonia para que a entidade possa de fato incorporar de fato. 
Porém nem todos os médiuns que estão na Umbanda como médiuns de incorporação, fornece esse tipo de mediunidade, não tendo abertura em sua organização em seu corpo astral e centros de força para estabelecer a incorporação propriamente dita, onde a entidade tem controle e domínio do médium, ficando muito próximo das manifestações das casas espíritas, com o diferencial grande, onde o médium na Umbanda também pode sentir sensações em seu corpo, perder um pouco da noção de espaço e tempo e confundir com uma incorporação clássica, mas a entidade não tem domínio corporal e a comunicação se dá mentalmente somente sem que haja o acoplamento entre ambos.
É como um processo de telepatia; a entidade transmite as mensagens ao mental do médium, e este externa as mensagens. Mas por que é tão parecido com a incorporação? Porque as entidades também agem sobre o corpo espiritual do médium para promover descargas, harmonizações e equilíbrios em seus centros de força (chackras), como também, todo médium seja de incorporação ou psicofônico tem a capacidade de captar a energia dos espíritos que estejam muito próximos de si, seja suas entidades ou do médium do lado. Com o passar do tempo, essa percepção é ampliada e aprimorada e ele consegue distinguir seus guias e de seus irmãos de corrente. Consegue saber se é uma entidade masculina ou feminidade, de que linha é, etc. Consegue com o tempo “ler “ a natureza daquele espírito e pode dessa leitura imaginar como é tal entidade, se séria, sisuda, ou alegre, risonha, brincalhona, direta, ou é cheia de ternura pra falar, etc. Mesmo que ele não consiga ver a entidade, pela proximidade, nós conseguimos perceber essas características que emana naturalmente dos espíritos. E dessa leitura, é que nós formamos a entidade em nosso mental e exteriorizamos comportamentos e formas de falar, trejeitos e posturas, isso para os psicofônicos. Em ambos os casos, há o transe provocado pela irradiação da entidade e pela força motriz do todo que provoca um estado hipnótico no médium, o conduzindo ao transe, e do transe a manifestação propriamente dita de sua faculdade mediúnica. 
O grande problema do médium psicofônico, ou seja, aquele onde a entidade atua somente através do mental, e do que a entidade diz a ele, é a capacidade de DISCERNIMENTO, pois nem sempre as mensagens que a entidade transmite é o que ele entende para repassar. Outro problema é de ordem íntima e psíquica. Nas religiões afro-brasileiras as entidades transmitem e formamos arquétipos de grupos raciais e sociais. E muitos desses tipos “humanos” mexem muito com a vaidade, fantasias, e desejos reprimidos de nós mesmos.
Quando um indivíduo está em transe, seu psiquismo e parte espiritual inconsciente ficam muito mais expostos também e aflorado, somando isso a ideia que fazemos de tal entidade e da leitura que fazemos dela, podemos exteriorizar partes nossas, do nosso inconsciente e traços de personalidade reprimida que se identifica com tal “arquétipo”, digamos assim de X entidade. Esse processo pode até fazer parte de uma catarse emocional e psicológica, salutar para o médium, de uma série de repressões em seu íntimo que o transe libera provocando um bem estar íntimo e profundo, paz consigo mesmo, que ele não sabe exatamente o porquê. Porém esse tipo de eventos somente pode ocorrer no início de um desenvolvimento e não existir dentro da vida mediúnica do médium durante todo o seu tempo de labor.
É justamente por isso tão importante o desenvolvimento, e não liberar os médiuns em desenvolvimento para consultas sem um aval do guia chefe da casa, ou da análise do dirigente. Mesmo que a entidade fala, dance e tenha desenvoltura e APARENTE firmeza, somente com uma avaliação do conjunto das manifestações daquele médium, e que ele poderá estar apto pra atender o público. Mas muitos médiuns são recebem esse tipo de avaliação e são postos logo para o atendimento e consultas e muitas vezes até, para satisfazer a ansiedade e vontade do médium de ir logo pras consultas. Ai mora o grande perigo! Pois os médiuns psicofônicos precisam e exaustivo treinamento e desenvolvimento para garantir a manifestação do pensar da própria entidade e não somada a suas impressões, julgamentos e ideias.
Mas a realidade que percebemos nos terreiros, é um “desleixo” de um bom e capacitado desenvolvimento mediúnico, muitas vezes mal feito e mal conduzido, e dá no que dá.... shows de animismos onde todos são enganados; médiuns e assistentes. Há misturas entre entidade e o próprio médium e este acaba por se atrapalhar em seus próprios pensamentos mesclados da entidade e não sabe o que é seu ou não. O vaidoso e auto-suficiente não questiona, pois se acha “o cara” e não pára pra refletir suas ações estando sob a influência das entidades. Creditam cada palavra e cada ação nelas, ficam fascinados e não ouvem muitas vezes, seu dirigente e as entidades responsáveis por ele, pois não admitem que podem estar errando e precisando de mais desenvolvimento e conselhos dos mais velhos. E mesmo quando a entidade se porta com rebeldia, falta de educação e sem a postura digna de uma entidade de fato, ele dá desculpas e alega que é a casa que não é do agrado da entidade. Será mesmo? Cuidado! Muitas vezes é isso que provoca médiuns a abandonarem casas sérias e buscar a facilidade e casas pouco comprometidas com um sério e comprometido desenvolvimento e manifestações de suas entidades. É o “coloca a roupa e vai pra roda girar”. E daqui a pouco tá atendendo com as entidades e pensa; “tá vendo! Era aquela casa que não reconhecia meus ‘dons’ mediúnicos”. Ledo engano!
Já para os médiuns de incorporação – cada vez mais raros hoje em dia – este problema não é tão recorrente, pois ele oferece a entidade maior domínio e pode assim, agir mais livremente por sua conta sem precisar que o médium seja seu intérprete para o plano exterior. Lembrando que a entidade pode “dosar” a intensidade desse domínio e o faz sempre. Ela pode ir de um nível mais elevado a um nível mais brando, ou se for do seu querer, agir somente através da transmissão de pensamento, como na psicofonia. Já que o controle total do médium demanda muito desgaste par a o médium, e muitas vezes em certos trabalhos, momentos de uma gira não há essa necessidade e as entidades usam de sabedoria e mestria para não desgastar desnecessariamente seu “cavalo”.
Vale ressaltar, talvez em negrito, que a consciência (o lembrar e ver tudo por parte do médium estando com a entidade) não está relativo a domínio ou não da entidade. Embora em estados mais profundos de incorporação, pode não haver consciência mediúnica ou parcial, isso não é via de regra. Muitos podem estar sob o domínio da entidade e ver tudo a sua volta, como se estivesse assistindo um filme. 
Uma dica: deixe ser levado literalmente pela entidade. Não pense, não questione, jogue a ansiedade e observação de lado e deixe ser levado nos primeiros sinais de irradiação da entidade. Livre-se do medo e vá! Estando com a entidade, não promova diálogos em sua mente, pois é ai que tudo pode se confundir. A voz da entidade é sempre a primeira, é o ímpeto, a voz rápida e fala de primeira. Não fique buscando respostas e ações das entidades para as pessoas. Muitas vezes, ela não tem nada pra falar e só veio trabalhar energeticamente pra você ou pro ambiente, pro grupo, ou pra alguém.
Não se envolva e deixa-a livre para falar ou não. Muitos médiuns na ânsia de se afirmar como médiuns firmes, querem que suas entidades revelem segredos, digam sobre a vida, o passado, presente e futuro das pessoas, e isso é um dos fatores que mais atrapalha. A vaidade de ser um médium bem conceituado, que tem as entidade mais firmes, que ajudam as pessoas, que promovem curas, revelações, estripulias de desafiam as leis da física, é o abismo do médium. É onde ele cai e cai feio. Fica a dica e o alerta. 

Texto de Ana Araujo, disponível em:

http://casadecatarina123.blogspot.com.br/

Incorporações


O ato de incorporar não é simples. Um espírito não “entra” em nós como entramos em um carro. Na verdade a plena incorporação leve tempo e precisa estabelecer outros processos anteriores. Um deles é a irradiação. O que isso significa? É o período de tempo variável que as entidades irradiam suas vibrações no médium, preparando seus corpos sutis para posteriores incorporações. Nessa etapa o médium pode captar a vibração da entidade e ter contato fluidicamente com o corpo astral da entidade. Isso dará ao médium uma impressão de como é a entidade, como ele a sente. Ele pode nessa fase captar muitas idéias vinda das entidades, mas pode se confundir muito com seus próprios pensamentos. Pode sentir uma forte força o conduzindo a andar, sentar ou manipular algo. Ele sente muitas reações corporais; suor, tremores, mãos frias e molhadas, ou calores, falta de noção de espaço e possível visão embasada, além de dormência, taquicardia, fraqueza nas pernas, tonteira, torpor, dor em determinadas áreas do corpo. Esses são alguns sintomas que se pode sentir.
Essas reações são variáveis de pessoa pra pessoa, resultado da manipulação energética que as entidades operam em seus médiuns. Muitas vezes desobstruindo chacras, reparando buracos na aura, além de estarem preparando as áreas responsáveis para estabelecer futuras incorporações.
A ansiedade, medo, angustia e esclarecimento, pode dificultar essa fase, pois é médium não se permite inconscientemente às vezes, receber de forma plena essas irradiações e bloqueia. Mas com o tempo a entidade consegue preparar seu pupilo para estabelecer uma conexão satisfatória para uma incorporação.
O que você pode fazer para melhorar e captar bem as irradiações e a transição para as incorporações?
Quando o médium sentir as primeiras ações de sua entidade, é aconselhável que tente esvaziar a mente de pensamentos, perguntas, dúvidas e medos. Se concentre em deixar o corpo leve, sem tensões. Ele pode ter visões nessa fase, o que pode ser imagens lançadas ao médium pela própria entidade. E quanto mais relaxado e livre de pensamentos ele tiver, mas vai sentir sua entidade e interagir com ela.
Ao iniciante, chega sempre um momento que é difícil distinguir o que são suas idéias, ações das entidades ou reações dele mesmo. Uma incorporação se estabelece quando o médium perde parcial ou total força sob seu corpo e este passa a ser dirigido por uma força estranha a ele. O médium não comanda o seu corpo, e se tentar sentar, caminhar, agir normalmente não irá conseguir. Uma coisa meio que incoerente que muitos textos passam é que a consciência ou inconsciência está atrelada a domínio do corpo físico. Mas uma coisa não se relaciona com outra.  Na prática podemos verificar isso. Porque a maioria dessas literaturas que abordam mais este assunto, são literaturas de origem espíritas. Mas devemos colocar que a dinâmica das manifestações mediúnicas nos centros espíritas, são um tanto diferentes das manifestações dos guias espirituais de religiões afro-ameríndias. O grande contingente de ações mediúnicas nos CEs é de espíritos obsessores e sofredores para receberem orientações e doutrinação. Ou seja, a natureza do espírito é completamente diferente e as manifestações ocorrem via mental, sem que o espírito tome o controle corporal do médium. Porém as entidades, de natureza diferente de espíritos de baixa vibração, agem em nosso corpo e centros de força, estabelecendo a incorporação de fato. O que somente pode ocorrer vinda de espíritos inferiores quando se estabelece uma possessão, porém este é um caso atípico de médiuns descontrolados e em processos graves de obsessão e não num médium equilibrado, já apto a exercer sua função num centro espírita.
Ou seja, a natureza mediúnica nas duas searas é diferente.
Quando o médium de umbanda perder o controle de seu corpo, e perceber uma força o conduzindo de forma equilibrada, controlada e ordenada, a entidade estabeleceu uma excelente sintonia com o médium. Dentro desse panorama, a entidade pode demorar um pouco pra falar, mas não é via de regra. O médium vai perceber que as idéias lhe chegam e são pronunciadas de forma rápida, sem que fique perdido em pensamento e reflexões para depois falar. A fala da entidade é direta. Muitas vezes no inicio, as palavras podem passar pelo mental do médium antes de serem ditas, mas com o tempo, isso torna-se praticamente automático. E muitas vezes vocês vão passar pela situação de pensar uma coisa e da sua boca, sair outra completamente diferente. É a entidade que está no controle e não você.
Voltando a questão de inconsciência x controle do corpo. Como falei, alguns escritores alegam que o médium somente perde o controle de seu corpo, quando ficam inconscientes. Mas na prática vemos que isso não procede. O médium pode perder completamente o domínio de seu corpo e ser tomado pela entidade e estar perfeitamente consciente, vendo e ouvindo tudo. O que ocorre é uma perda de noção tempo-espaço, além da sensibilidade corporal que se altera. Dentro de um escala pra mais ou pra menos, respeitando obviamente as leis da física e materiais, o médium fica mais resistente ao calor e ao frio, assim como suas necessidades fisiológicas ficam alteradas. Ele pode passar muitas horas sem ir ao banheiro, sentir fome, ou cansaço. Pois não somente seu sistema metabólico como outros sistemas se altera. Mas qualquer desarranjo ou desconforto corporal que o médium esteja sentindo pode afetar e atrapalhar. Por isso é tão importante cuidar do corpo, alimentação e fazer os resguardos para que tudo esteja equilibrado para que a entidade tenha um “aparelho” satisfatório para trabalhar. Pois água limpa em copo sujo, jamais será de boa qualidade para o consumo. Limitações físicas e descuidos podem comprometer o nível e intensidade do domínio da entidade em seu médium, ou seja, na incorporação. Médiuns em idade avançada, as manifestações são simplesmente mentais, pela fragilidade do corpo físico. 
Como vocês podem perceber o nosso corpo é exigido nos processos de incorporação. E nós somos responsáveis por estar cuidando para sermos bons e viáveis veículos para nossos guias. Então não dependem somente delas, mas de nós também, pois quanto mais disciplina e prática tiverem, mais firmes será suas atividades no terreiro. E todos só têm a ganhar com isso; entidade, médiuns, terreiro, irmãos da corrente, assistentes e a nossa Umbanda. 

Texto de Ana Araujo, disponível em:

http://casadecatarina123.blogspot.com.br/

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Incorporação: Sintomas



São alguns, os sintomas da mediunidade de incorporação. É importante conhecer estes sintomas, porque eles se manifestam independente da pessoa saber que é médium de incorporação, ou não. Muitas vezes, este médium começa a se sentir um estranho no mundo, começa a se sentir ou ser chamado de “esquisito”, ou louco. Mas não somos loucos, somos médiuns de incorporação e existem diferenças claras entre loucura e mediunidade.
A pessoa que tem a mediunidade de incorporação latente, adormecida, não lapidada ou mal trabalhada, costuma apresentar alguns sintomas comuns. A grande maioria destes médiuns são muito sensitivos, com uma grande capacidade de sentir o que outras pessoas estão sentindo, de sentir as dores alheias. Mas também podem sentir, ver e ouvir o que os outros não sentem, não veem e não ouvem. É comum que a mediunidade de incorporação seja acompanhada de outros dons mediúnicos. Nesta realidade imaterial, tudo é energia, subjetivo e sutil, ainda que seja muito real e quase palpável para quem está percebendo o que os outros não percebem.
Alguns pensam que estão ficando loucos por não conseguirem explicar aos outros o que estáacontecendo dentro de si, podendo se tornarem pessoas reclusas, introvertidas, estigmatizadas, marcadas e excluídas do convívio social.Se questionam se estão loucos por atraírem para si dores alheias conhecidas e desconhecidas, mas, no fundo, sabem que isto não é loucura e, sim, um fenômeno mal explicado. Grande parte dos médiuns de incorporação tem esta capacidade de atrair, de puxar, a energia que acompanha as pessoas ou os ambientes.
Os sentimentos de dó, piedade e tristeza diante da dor e sofrimento alheio aumentam a capacidade de absorver as energias negativas e enfermiças do outro, o problema é não saber o que fazer com isso depois. Assim, muitos médiuns têm vontade de ajudar e inconscientemente sabem que podem ajudar, no entanto, não sabem como lidar com sua mediunidade e desconhecem recursos e técnicas para lidar com estas situações.
Da mesma forma, estes médiuns evitam encontrar pessoas muito negativas. O resultado é que, depois destes encontros, podem sentir enjoos, moleza pelo corpo, sonolência e outros tipos de mal-estar, como dores de cabeça frequentes e até dores pelo corpo.
Nestes casos, quando procuramos médicos, os seus males não são diagnosticados e suas dores de cabeça não tem origem conhecida. Claro que não podemos confundir sintomas biológicos com desequilíbrios mediúnicos ou mediunidade mal trabalhada. A grande diferença entre problemas físicos e sintomas mediúnicos é que, com o passar do tempo, o médium sabe que seus males são o resultado de uma situação dentro de um contexto, como encontrar alguém, ir a tal local ou ter passado nervoso.
É comum o médium de incorporação se sentir mal depois de desequilíbrios emocionais. Quando se desequilibra, o médium entra em uma sintonia baixa de vibração e abre seu campo mediúnico, mental e emocional para energias de carga negativa. Quando está nesta vibração negativa, o médium também acaba sintonizando com espíritos negativos ou negativados como sofredores, espíritos perdidos e/ou revoltados. O contrário também é verdade.
Assim, a pessoa que tem mediunidade de incorporação pode ficar muito vulnerável a influências externas e, às vezes, acabar tendo um comportamento considerado bipolar. Mas a sua mediunidade não deve ser desculpa para este comportamento. O médium deve procurar um equilíbrio interno para não ficar tão sujeito a estas influências externas. A mente deve assumir o controle da mediunidade. Uma pessoa equilibrada e centrada não fica absorvendo cargas de todos os lugares por onde passa, mas caso isso venha a acontecer, não deve se desequilibrar, deve, sim, perceber que está absorvendo energias negativas e aprender a descarregar-se e encaminhar estas energias. A isto, chamamos de maturidade mediúnica, o quê é resultado de trabalho e educação mediúnica.
Por isso venho, há anos, afirmando que: não basta desenvolver a mediunidade de incorporação, não basta aprender a incorporar espíritos; é fundamental, preciso e necessário passar por uma educação mediúnica, ter cultura mediúnica, estudar e compreender o fenômeno, suas causas e efeitos. É imprescindível um trabalho de autoconhecimento, sentir o que acontece com você e adquirir técnicas para se autotratar, para se limpar energeticamente, descarregar cargas negativas e encaminhar espíritos que possam estar lhe perturbando.

Por Alexandre Cumino




Concentração e Incorporação



Uma das dificuldades dos integrantes das reuniões mediúnicas diz respeito à concentração.

A capacidade de controlar, direcionar e manter o pensamento dentro das finalidades da reunião é, para a maioria, um esforço muito grande e que nem sempre dá bons resultados. Não raro os pensamentos se dispersam, fixam-se em fatos do dia-a-dia e acabam por tornar alguns sonolentos, enquanto outros estão distraídos e longe dos objetivos propostos para um trabalho sério. Alguns poucos, então, conseguem uma boa concentração e estes sustentarão os trabalhos programados, porém, como é óbvio, sem alcançar melhor produtividade devido aos bloqueios vibratórios existentes no ambiente.

A nossa cultura ocidental não dá ênfase à necessidade do controle mental, pois é fundamentada em uma mentalidade racional, extremamente prática, extrovertida e imediatista valorizando a horizontalidade da vida terrestre, exatamente oposta ao Oriente, cuja mentalidade se estrutura de forma intuitiva, mística e introvertida e que realça a essência espiritual do ser humano, incentivando a busca da verticalidade.

Nos últimos tempos tem-se notado um sensível aumento no interesse por algumas práticas orientais, ressaltando-se a meditação, cujos benefícios estão sendo procurados pelos ocidentais, que despertaram para a necessidade de uma busca interior, ou seja, o autoconhecimento.

A concentração que é praticada nas reuniões mediúnicas, evidentemente, tem conotações próprias e não deve ser tomada aqui como as realizadas nas práticas orientais, embora os aspectos semelhantes nas suas bases, quais sejam a disciplina mental, o controle e equilíbrio dos pensamentos. Exatamente por terem estes mesmos fundamentos é que citaremos algumas definições de autores do Oriente, visto que a sabedoria oriental é multimilenar e pode beneficiar-nos sobremaneira através desses pontos comuns.

Concentração - Conceito: Concentrar, segundo o dicionário Aurélio, significa "fazer convergir para um centro ou para um mesmo ponto. Aplicar a atenção a algum assunto".

Um autor oriental, Mouni Sadhu, esclarece que o poder de concentração consiste na "habilidade para manter inabalavelmente sua percepção sobre um tema escolhido, pelo tempo que você decidir continuar com ele" (Do livro "Meditação").

É exatamente essa capacidade de concentrar nos objetivos da reunião mediúnica que irá favorecer a realização dos trabalhos.

Leon Denis, em sua magistral obra "No Invisível", alerta:

"Conforme o seu estado psíquico, os assistentes favorecem ou embaraçam a ação dos Espíritos"

                   
Dificuldades de Concentração

Deixamos a palavra com Leon Denis, que assinala o motivo principal da dificuldade de concentrar:

           "Na maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar.
Sua mobilidade constante e sua variedade infinita pequeno acesso oferecem às influências superiores.
É preciso saber concentrar-se, pôr o pensamento acorde com o pensamento divino.(...)"
("O Problema do Ser, do Destino e da Dor", cap. XX)

A reunião mediúnica apresenta ainda outras conotações que são peculiares ao tipo de atividade que ali se desenvolve.

Assim, a dificuldade de concentrar-se nos objetivos elevados que o exercício da mediunidade requer é resultado da pouca prática que a maioria das pessoas têm de fixarem seus pensamentos em assuntos edificantes, em ideais e idéias nobres durante o seu dia-a-dia. Estão com a mente sempre ocupada pelos problemas e questões do cotidiano, por coisas supérfluas e interesses imediatistas, pelo noticiário e programa da TV, por literatura e músicas teor inferior, por conversações extremamente banais e irresponsáveis, e não conseguem esvaziá-la desses assuntos para dar campo às influências benéficas dos Espíritos Superiores, dos Mentores que assessoram os trabalhos.

Ensina Leon Denis:

"As preocupações de ordem material criam correntes
vibratórias horizontais, que põem obstáculo às radiações etéreas e restringem nossas percepções. Ao contrário, a meditação, a contemplação e o esforço constante para o bem e o belo formam correntes ascensionais, que estabelecem as relações com os planos superiores e facilitam a penetração em nós de  eflúvios divinos ".

A Importância da Concentração Mediúnica

"Nesse sentido, consideremos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam a interruptor, de fácil manejo que, acionado, oferece passagem à energia comunicante, sem mais cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um estado habitual da mente em Cristo e não uma situação passageira junto ao Cristo".

Nossos pensamentos têm determinado teor vibratório, de acordo com os sentimentos que os tipificam.

É imprescindível compreendermos que o pensamento é energia viva "construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros (Emmanuel).

Este é o processo natural de sintonia e que predomina no curso de nossa existência.

Nas tarefas mediúnicas esta sintonia apresenta peculiaridades próprias. É essencial que exista uma afinização, uma sintonia entre os participantes para que se estabeleça uma sincronia de forças, a conhecida "corrente vibratória".

Pode-se inferir, desde agora, o quanto é importante a concentração individual, visto que a qualidade dos trabalhos de intercâmbio depende fundamentalmente da participação consciente e responsável de cada um.

Recordemos Leon Denis, quando leciona a respeito:

"São favoráveis as condições de experimentação quando o médium e os assistentes constituem um grupo harmônico, isto é, quando pensam e vibram em uníssono. No caso contrário, os pensamentos emitidos e as forças exteriorizadas se embaraçam e anulam reciprocamente..."(No Invisível)

Ele acrescenta ainda que o médium em meio a essas correntes contrárias fica bloqueado, sem condições de atuar mediunicamente ou bastante prejudicado na filtragem das mensagens.

Em "O livro dos Médiuns", o Codificador ressalta a necessidade da concentração ao referir-se à reunião como um ser coletivo, resultante das qualidades e propriedades de seus membros e esta tanto mais força terá quanto maior homogeneidade vibratória houver. Ele afirma que o poder de associação dos pensamentos de todos é que contribuirá para a comunicação dos Espíritos, "mas a fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer em um só, o que não pode dar-se sem a concentração"(Item 331).

Portanto, cada participante precisa estar consciente de sua contribuição para que haja êxito nas atividades programadas pela Espiritualidade Maior.

João Cleófas (Espírito), em seu excelente livro "Intercâmbio Mediúnico", desenvolve o pensamento de Kardec e Denis, em linguagem moderna:

"A média que resulta das fixações mentais dos membros que constituem o esforço da sessão mediúnica oferece os recursos para as realizações programadas.

A concentração individual, portanto é de alta relevância, porque a mente que sintoniza com as idéias superiores vibra em freqüências elevadas"

Como Obter Uma Boa Concentração

A concentração não requer um esforço físico. Pessoas que tentam concentrar franzindo a testa, fechando os olhos com força ou denotando qualquer outro tipo de tensão muscular não alcançarão a finalidade a que se propõem.

Ao contrário do que imaginam, a concentração exige um relaxamento e passa por alguns estágios, quais sejam:

1. Relaxamento - O relaxamento do corpo físico serve para preparar e favorecer a calma, a tranqüilidade interior.

2. Abstração - Abstrair-se do mundo exterior, de tudo ao seu redor.

3. Interiorização - Fazer silêncio interior, abstraindo-se também dos conteúdos psicológicos(emoções, pensamentos, imagens, lembranças, etc).

4. Fixar a mente - A mente se fixa e a atenção volta-se exclusivamente para o objetivo da reunião.

5. Aquietar a mente - Neste ponto a mente se aquieta e, no caso dos médiuns, oferece espaço para a sintonia mental com o Espírito que irá transmitir a comunicação.

Afirma João de Cleófas:

"A concentração, é, pois, a fixação da mente numa idéia positiva, idealista, ou na repetição meditada da oração que edifica, e que, elevando o pensamento às fontes geradoras da vida, dá e recebe, em reciprocidade, descargas positivas de alto teor de energias santificadoras."(Intercâmbio Mediúnico)

Pensamentos Intrusos

Todos os que se iniciam nos exercícios de concentração ou de meditação percebem que é difícil controlar os pensamentos e que, com freqüência, vêem-se assaltados por pensamentos intrusos, inconvenientes e inoportunos.

Deixemos a lição a respeito com um dos mestres orientais:

"No início toda a sorte de maus pensamentos podem ocorrer, se levantarão na sua mente. Você se sobressaltará.

Ficará atormentado. Isto é um bom sinal. É sinal de progresso espiritual. Voe está evoluindo espiritualmente. Esses pensamentos, com a continuidade (dos exercícios), morrerão com o tempo". (Trechos do livro "Concentração e Meditação", de Swami Sivananda).

Ele também aconselha que a pessoa não lute contra a sua mente durante a concentração.

O mais acertado é aceitar com tranqüilidade e estabelecer o hábito de retorno, isto é, retornar aos objetivos propostos.

No livro de Mira y Lopes, "Curso Prático de Concentração Mental" o autor refere-se ao"hábito de retorno", para disciplinar a mente.

André Luiz, sintetizando o esforço que os integrantes dos grupos mediúnicos devem realizar, anota em seu livro "Os Mensageiros" a palavra de Aniceto, relativa ao nosso tema:

"Boa concentração exige vida reta. Para que os nossos  pensamentos se congreguem uns aos outros, fornecendo o potencial, de nobre união para o bem, é indispensável o trabalho preparatório de atividades mentais na meditação de ordem superior. A atitude íntima de relaxamento(este termo tem neste contexto o significado de descaso), ante as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente, ou ao cooperador, a concentração de forças espirituais no serviço de elevação tão-só porque estes se entreguem apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos compulsórios de amor cristão.(...)."(Cap. 47)

A Doutrina Espírita é um convite permanente à transformação moral, levando a um processo natural de auto-descobrimento e propiciando condições para a realização desse encontro pessoal. Toda essa mudança, quando ocorre naquele que já interiorizou os princípios espíritas, denota um amadurecimento que favorece a uma nova compreensão da vida e a uma necessidade premente da busca da verticalidade. Quando existe essa conscientização o indivíduo torna-se cônscio de usas responsabilidades procurando, então, adquirir hábitos equilibrados, o que irá favorecer a sua concentração enquanto integrante de um grupo mediúnico.

Deixemos com Emmanuel a palavra final:


"Receberás, portanto, variados apelos, nascidos do campo mental de todas as inteligências encarnadas e desencarnadas que se afinam contigo, tentando influenciar-te através de ondas inúmeras em que se revela a gama infinita dos pensamentos da Humanidade, mas se buscas o Cristo, não ignoras em que altura lhe brilha a faixa." ("Seara dos Médiuns", Faixas pág. 125).

Fonte: http://espiritualidadeeumbanda.blogspot.com.br/

sexta-feira, 15 de maio de 2015



Eu digo Fé.
Mas é Fé mesmo.
E não aquela fé.
Olho para trás e vejo fé.
Mas ponho em amadurecimento e vejo a possibilidade de Fé.
Nada além do que a Fé.
Sem muros garantidores da Fé.
Nada de guardiões da Fé.
A não ser que para a sua fé seja necessário proteger.
Subir no degrau da Fé não é instantâneo.
Mas ajuda a compreender a paciência.
Sem paciência a Fé se torna fé.
O culpado da fé é o próprio dono da Fé que deixou se transformar em fé.
Ou nunca foi realmente Fé, mas disfarçou a fé.
A verdade ajuda sempre nos momentos de Fé.
Pois os ouvidos sempre estarão atentos e respeitosos.
Cultivar a Fé não tem segredo.
Acredite na lei da ação e reação e siga em frente com Fé.
Não existe resultado sem haver procura pela ação.
A Fé entra como manto protetor e soldado fiel ao digno exaltador da Fé.
Sem propagandas, mas tão-somente guardada para si.
A Fé já é Fé desde que nasce.
Não precisa mudar de nomes.
Já a fé... Essa pode mudar infinitamente de nomes e ainda conseguir aliados obscuros.
Fé é assim, ou existe ou está longe de existir.
Afinal... Não se engana a Fé.
Ela possui olhos atentos a quem possui.
Apesar de muitos dizerem que possuem Fé.
Mas na verdade são muitas fés juntas formando um nada.
Depois não adianta reclamar da falta da Fé.
As oportunidades chegam para amadurecer.
E o coração de receptor ainda está olhando para a fé do passado.
Romper as amarras da fé e seguir confiando na Fé.
Não existe meio termo.
A Fé sempre garantirá a vontade Maior.
Abaixar a cabeça e esperar a tempestade passar é Fé.
Olhar para o horizonte e ter certeza da Fé mesmo não visualizada, é Fé.
Acreditar em todos os dias na companhia da Fé, é ter Fé.
Vigiar os atos e pensamentos é Fé na pura forma.
Declínios da fé representam a elevação da Fé.
Não tropece em você mesmo na fé.
A Fé sempre estará contigo no silêncio.
Afinal ninguém pode auferir a Fé alheia.
Já a fé... Essa é muito fácil de ser observada.
Quem toma conta da Fé alheia significa que a fé de si está suja.
Hora de mudar e seguir.
A vida não pode parar esperando a Fé chegar na hora e tempo seu.
A Fé tem aplicabilidade imediata.
Descarte as amarras da fé e siga em frente.
Fé.
Fé.
Fé.
Agora eu sei que você tem Fé.
Muita Fé, pouca Fé.
O importante é nunca sair da Fé, já que não existe muito ou pouco.
Simplesmente tem Fé.
Já decidiu se tem fé ou Fé?
Cuidado com a resposta.
Organize-se primeiro e depois me responda.
Na próxima leitura desse texto quero a resposta.
Fé ou fé? fé ou Fé?
Sem dilemas desnecessários.
Já perdeu muito tempo com coisas supérfluas.
Desejo Fé.
Tão-somente Fé.
Fé.
Amém. Amém. Amém.
Muita paz!

Espírito Lucius

Diferenças entre fé e crença


A palavra “fé” vem do latim fides, significando “fidelidade” e consiste na crença de que alguma coisa é a pura verdade, ainda que não exista prova ou justificativa objetiva ou comprovação a partir de métodos e critérios científicos. Trata-se da absoluta confiança que depositamos em determinada ideia e é absolutamente desprovida de dúvida.
Assim, no momento em que proferimos determinada fé, em algo ou alguma coisa, será impossível termos dúvida. Desse modo, ter fé é diferente de crer ou acreditar, ou confiar em alguma proposta, onde persiste uma dúvida parcial. Na fé inexiste essa dúvida. A fé, portanto, é uma verdade inabalável e imutável para quem a adquire de forma plena. Ela também se relaciona com afeição, amor, confiança plena e irrestrita, ação e sacrifício.

Do ponto de vista religioso, na maioria das vezes as instituições apoiam-se em dogmas, e espera-se que os fiéis tenham fé neles, ou seja, que passem a ser verdades inquestionáveis para os seguidores. Dessa forma, interessante se faz revisar o dogmatismo e a necessidade de se compreender e entender as relações do divino com o homem, pregando a necessidade do entendimento da própria fé e induzindo o homem a buscar a fé raciocinada, amparada pela lógica e razão.
 

Assim, abre-se uma nova formulação para fé, uma fé que pudesse ser construída. Porém, historicamente, muitos dos relatos de homens ditos santos ou de extrema religiosidade e, de certo modo, exemplos de fé, o salto ou a aquisição da fé como algo inabalável se dá através de revelações, de momentos extraordinários e emblemáticos. Paulo de Tarso, Buda, Madre Teresa, Maomé e vários outros missionários de fé passaram por marcos ou momentos emblemáticos e de revelações.

Temos dois exemplos narrados na bíblia para tentarmos compreender melhor a fé, do ponto de vista religioso. Encontraremos a passagem de Paulo de Tarso na estrada de Damasco, quanto se dirigia para perseguir cristãos. O relato narra que ele tem a visão do Jesus, que lhe cega e questiona sobre os motivos de sua perseguição. Ocorre, então, a conversão de Paulo, que adquire a verdadeira “fé”. A partir desse momento, essa fé o leva a abandonar todo seu conjunto de crenças e verdades. Ele, prontamente, assume a nova posição de pregador do cristianismo, inclusive para os não judeus. No entanto, ao remontarmos a postura do discípulo Pedro, quando da prisão de Jesus em Jerusalém, embora ele acreditasse e seguisse Jesus, fica patente, ao negar seus laços e vínculos com Nazareno por sete vezes, que ele ainda não adquirira fé em Jesus a ponto de sacrificar-se pela sua causa. Fato que no futuro daria plenas provas, com a verdadeira fé que adquirira nas verdades proferidas por Jesus.

Dessa forma, enquanto Paulo dá provas da fé que passa a ter em Cristo, ante sua visão na estrada de Damasco, Pedro dá provas que embora seguisse Jesus e acreditasse em suas pregações, ainda não adquirira a fé que é inabalável.

Então, fé deixa de ser apenas a crença nessa ou naquela verdade. Mais do que isso é um testemunho do homem religioso e ligado verdadeiramente a Deus, que o difere absolutamente das pessoas comuns. Aquele que a adquire, passa de simples crente a figura extraordinária, de terreno a divino. De homem comum a artífice de sua fé, capaz de ações maravilhosas e de todos os sacrifícios advindos de sua fé.

Portanto, a Fé é o que vivenciamos, é a experiência sentida como verdade, é o valor do “Sentir Absoluto”, é a absoluta confiança sem ao menos precisarmos de uma prova. A Fé está diretamente ligada ao sentido de  acreditar, confiar ou apostar, portanto ter Fé em algo ou alguém é acreditar, confiar e apostar nesse algo ou nesse alguém incondicionalmente. No entanto esses sentidos devem ser nutridos pelo sentimento de afeição e amor, caso contrário a Fé verdadeira e plena não existe e não existirá.

Já a Crença é o valor do “Saber Absoluto”, é o que se lê, ouve e aprende. É o que se acredita num estado mental verdadeiro. A Crença, o crer verdadeiro acontece através da certeza que se tem em algo ou em alguém devido a um conjunto de fatores que fundamentam, sustentam e atestam a veracidade do fato. É a partir da Crença que acontece o posicionamento individual, que estimula a ação e a atitude do Ser. Acreditar é ação! Fé é a verdade interna; Crença é a verdade externa. Ter Fé em Deus é sentir plenamente que Ele existe a ponto de acreditar e confiar por inteiro na sua magnitude apostando e entregando totalmente a vida em suas mãos. Crer em Deus, é acreditar plenamente que Ele existe através do reconhecimento das inúmeras provas que Ele dá e, além disso, é agir de acordo com o que se aprende Dele e sobre Ele.