A palavra
“fé” vem do latim fides, significando “fidelidade” e
consiste na crença de que alguma coisa é a pura verdade, ainda que não exista prova ou justificativa objetiva ou comprovação
a partir de métodos e critérios científicos. Trata-se da absoluta confiança que depositamos em
determinada ideia e é absolutamente desprovida de dúvida.
Assim, no momento em que proferimos determinada fé, em algo ou alguma coisa,
será impossível termos dúvida. Desse modo, ter
fé é diferente de crer ou acreditar, ou confiar em alguma proposta, onde
persiste uma dúvida parcial. Na fé
inexiste essa dúvida. A fé, portanto, é uma verdade inabalável e imutável
para quem a adquire de forma plena. Ela também se relaciona com afeição, amor,
confiança plena e irrestrita, ação e sacrifício.
Do ponto de vista religioso, na maioria das vezes as instituições apoiam-se em dogmas, e espera-se que os fiéis tenham fé neles, ou seja, que passem a ser verdades inquestionáveis para os seguidores. Dessa forma, interessante se faz revisar o dogmatismo e a necessidade de se compreender e entender as relações do divino com o homem, pregando a necessidade do entendimento da própria fé e induzindo o homem a buscar a fé raciocinada, amparada pela lógica e razão.
Assim, abre-se uma nova formulação para fé, uma fé que pudesse ser construída. Porém, historicamente, muitos dos relatos de homens ditos santos ou de extrema religiosidade e, de certo modo, exemplos de fé, o salto ou a aquisição da fé como algo inabalável se dá através de revelações, de momentos extraordinários e emblemáticos. Paulo de Tarso, Buda, Madre Teresa, Maomé e vários outros missionários de fé passaram por marcos ou momentos emblemáticos e de revelações.
Temos dois exemplos narrados na bíblia para tentarmos compreender melhor a fé, do ponto de vista religioso. Encontraremos a passagem de Paulo de Tarso na estrada de Damasco, quanto se dirigia para perseguir cristãos. O relato narra que ele tem a visão do Jesus, que lhe cega e questiona sobre os motivos de sua perseguição. Ocorre, então, a conversão de Paulo, que adquire a verdadeira “fé”. A partir desse momento, essa fé o leva a abandonar todo seu conjunto de crenças e verdades. Ele, prontamente, assume a nova posição de pregador do cristianismo, inclusive para os não judeus. No entanto, ao remontarmos a postura do discípulo Pedro, quando da prisão de Jesus em Jerusalém, embora ele acreditasse e seguisse Jesus, fica patente, ao negar seus laços e vínculos com Nazareno por sete vezes, que ele ainda não adquirira fé em Jesus a ponto de sacrificar-se pela sua causa. Fato que no futuro daria plenas provas, com a verdadeira fé que adquirira nas verdades proferidas por Jesus.
Dessa forma, enquanto Paulo dá provas da fé que passa a ter em Cristo, ante sua visão na estrada de Damasco, Pedro dá provas que embora seguisse Jesus e acreditasse em suas pregações, ainda não adquirira a fé que é inabalável.
Então, fé deixa de ser apenas a crença nessa ou naquela verdade. Mais do que isso é um testemunho do homem religioso e ligado verdadeiramente a Deus, que o difere absolutamente das pessoas comuns. Aquele que a adquire, passa de simples crente a figura extraordinária, de terreno a divino. De homem comum a artífice de sua fé, capaz de ações maravilhosas e de todos os sacrifícios advindos de sua fé.
Portanto,
a Fé é o que vivenciamos, é a experiência
sentida como verdade, é o valor do “Sentir Absoluto”, é a absoluta confiança sem ao menos precisarmos de
uma prova. A Fé está diretamente ligada ao sentido de acreditar, confiar
ou apostar, portanto ter Fé em algo ou alguém é acreditar, confiar e apostar
nesse algo ou nesse alguém incondicionalmente. No entanto esses sentidos devem
ser nutridos pelo sentimento de afeição e amor, caso contrário a Fé verdadeira
e plena não existe e não existirá.
Já a Crença é o valor do “Saber Absoluto”, é o
que se lê, ouve e aprende. É o que se acredita num estado mental
verdadeiro. A Crença, o crer verdadeiro acontece através da certeza que se tem
em algo ou em alguém devido a um conjunto de fatores que fundamentam, sustentam
e atestam a veracidade do fato. É a partir da Crença que acontece o
posicionamento individual, que estimula a ação e a atitude do Ser. Acreditar é
ação! Fé é a verdade interna; Crença é a verdade externa. Ter Fé em
Deus é sentir plenamente que Ele existe a ponto de acreditar e confiar por inteiro
na sua magnitude apostando e entregando totalmente a vida em suas mãos. Crer em
Deus, é acreditar plenamente que Ele existe através do reconhecimento das
inúmeras provas que Ele dá e, além disso, é agir de acordo com o que se aprende
Dele e sobre Ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário