terça-feira, 27 de maio de 2014

EXU ORIXÁ



É o orixá da comunicação, guardião das aldeias, cidades, casas e do axé. A palavra Èșù em yorubá significa “esfera” (aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim) e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.  Não deve ser confundido com os exus de umbanda, uma vez que essas entidades não são consideradas orixás como Exu, e sim entidades ou espíritos de luz que têm por missão ajudar as pessoas em forma de consultas, de orientação. Não se deve confundi-los com quiumbas - espíritos primitivos na escala de evolução espiritual, que são considerados negativos e que, por vezes, fazem-se passar por outras entidades, normalmente Exus, trazendo inclusive um ponto de vista muito negativo a tais entidades (Exus), por eles mistificados.
Os missionários cristãos, quando começaram a catequizar o Brasil, ao perceberem o grande poder que Exu exercia entre os adeptos do candomblé, começaram a execrá-lo e transformá-lo em um ser maligno e perigoso e sincretizaram-no com a figura do diabo no catolicismo. Sua figura continua sendo vilipendiada pela dominação de movimentos religiosos que ditam normas e pautam valores no imaginário coletivo.
Exu é ativador de nossos merecimentos. É o que propicia nossas vitórias e nossas derrotas, pois nem sempre sabemos lidar com a vaidade, o ego, o egoísmo e a soberbia que aflora de forma acentuada quando se conquista algo ou alguém.
Exu é quem abre nossos caminhos, mas também fecha, tranca e acorrenta nossa vida quando nos encontramos desequilibrados e viciados numa maldade e numa possessão sem fim. Isso é a Lei e assim é EXU!
Exu é a força que atua sobre o negativo de qualquer pessoa tentando equilibrar essa ação. É aquele que faz o erro virar acerto e o acerto virar o erro. É aquele que escreve reto em linhas tortas, escreve torto em linhas retas e escreve torto em linhas tortas. Mesmo nos momentos em que nos vemos no meio do caos, Exu sabe fazer com que a ordem prevaleça. Exu não gosta de displicência e de injustiça, não aceita nada mais e nada menos do que lhe é de direito e de dever.
Exu não faz, não participa e não orienta nenhum tipo de magia negativa, Exu é Mago Realizador por excelência, e conhece absolutamente tudo sobre magia. No entanto, conhece também a Lei Divina e a cumpre com perfeição a cada momento. Magia negativa é ação do homem que deseja mais do que pode, deve e merece. Exu dá e faz somente aquilo que for de merecimento e de necessidade para o Ser, segundo a Lei Divina.
Ele é o “mensageiro”, recebe e leva os pedidos e as oferendas dos seres humanos ao Orum, o céu. É o Senhor dos caminhos, das encruzilhadas, da entrada e da saída. É o movimento inicial e dinâmico que leva à propulsão, ao crescimento e à multiplicação.
Os filhos de Exu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, extrovertidos e atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis, pois conhecem o valor de uma boa amizade. Esquecem facilmente as ofensas e não guardam rancor.

Aspectos Gerais

Dia: segunda-feira
Símbolo: Ogó
Elementos: Terra e Fogo.
Folhas: Folha de fogo, coração-de-negro, aroeira vermelha, figueira brava, bredo e urtiga.
Domínios: Sexo, magia, união, poder e transformação.
Sincretismo: Santo Antônio (13 de junho)
Saudação: Laroiê, Exu!

JUREMA


Jurema é a rainha da floresta, do Reino Juremá. É a grande mãe e senhora de um reino oculto. Em seu coração habita o mistério da transmutação, o fogo que purifica o amor divinal. No livro dos mistérios dos Orixás sua página está fechada com uma chave de prata e só se abre quando chega o tempo da revelação. Ela tem um arco e uma flecha e é caçadora das almas que vagam na escuridão. Atira sua flecha, que se crava no coração das almas, iluminando-as e libertando-as das trevas da escuridão.  Por esse motivo Jurema é conhecida como grande guerreira, a Mãe Vitoriosa. Suas falanges são numerosas e o seu reino é uma poderosa fonte de irradiação de cura planetária, onde faz morada a grande Egrégora da Seara da Caridade Universal.

Jurema é possuidora de beleza enorme, dócil, e conhecedora de grandes mistérios e guarda a sabedoria das tribos; só passa a quem realmente mereça este conhecimento. Tem um carinho e amor universal por todos, sabe doutrinar e guerreia para proteger os mais fracos. Leva seu Arco e flecha, sempre simbolizando a sua coragem e poder, vencendo demandas.


OXALUFAN


Oxalufan ou Oxalá é o primeiro e grande Orixá estando associado à criação do mundo e da espécie humana. É o Senhor do espaço físico, pois foi o seu criador e também o responsável por tudo que existe. Ele é ar, a essência da vida, o princípio da criação, o vazio, o branco, a luz, o espaço onde tudo pode ser criado, a paz, a harmonia, ele é a sabedoria que vem após o conflito, o fim e o recomeço. Sob sua regência estão os princípios mais antigos da existência humana, como a agricultura, e os que remontam ao princípio da existência, como a ancestralidade, a vida e a morte, a quem está intimamente ligado.
O opaxorô é seu cetro real e um apoio para o seu caminhar. Caminha apoiado neste cajado cerimonial, que é também o símbolo da ligação que ele estabeleceu entre o Orun (céu) e o Ayê (terra). O alá é o pano branco que simboliza a parte divina, que encobre e protege a parte física, escondendo o seu poder e sua realeza no plano material. Oxalufan é o patrono dos princípios da retidão moral, das tradições e da religião permitindo a perpetuação e a evolução religiosa através dos ensinamentos das liturgias, dos dogmas e da hierarquia. Ele faz despertar em nosso íntimo os sentimentos de fé.
Oxalá é a fonte original de toda luz, a face única que encerra todas as faces, a síntese do amor. Ele é o pai e o filho no mistério da unidade. Seu manto é branco, o raio que contém todas as cores. De movimentos lentos e idade imemorial, é considerado o orixá da paz e bem-estar da humanidade, da paciência e tudo que se refere a ele é ligado à calma e à tranquilidade. Gosta da ordem, da limpeza e da pureza. Oxalá é o pai que ama, dá carinho, acalenta e acompanha o filho por toda a vida.
Oxalufan é a renovação da vida. É o compasso da terra, representação do princípio da criação, espaço onde tudo pode ser criado. É a paz, harmonia e sabedoria que vêm depois do conflito. Por ele as atividades retomam forças e os objetivos se redefinem. É o orixá que limpa e define as coisas. É o brilho que define tudo, que exalta os ânimos, os costumes e as virtudes, que traz à tona a verdade e os contrastes, colocando tudo em seu devido lugar.
Os filhos de Oxalá são literalmente tranquilos e equilibrados, calmos no andar, no agir e no pensar, pois têm a certeza de que tudo se resolve. São prestativos, mas nunca subservientes. Organizados, teimosos, agradáveis, grandes pais ou mães, comedidos e sempre com uma palavra de consolo para seus filhos. Sabem como lidar com todo tipo de gente e com diplomacia consegue tirar sempre o melhor das pessoas. Em geral são compenetradas, introspectivas, de forte poder de liderança e capacidade de decidir, de resolver, de aconselhar. São interessadas, amigas, sonhadoras, escrupulosas e muito honestas. Os filhos de Oxalá são amáveis, prestimosos e espiritualistas. São capazes de solucionar problemas com sabedoria e agilidade, porém podem tornar-se calados e temperamentais. 

“A pomba branca surge no vazio do espaço se mesclando ao branco das nuvens e o azul do céu, ao som do vento, ela baila no tempo e se transforma num velho, o velho de roupas alvas que remetem a paz, a serenidade e sabedoria da idade, o velho, o transformador que transforma a vida, que rodopia e se transforma em novo, e novo de novo bailando ao vento olhando pro tempo diz ‘a vida é transformação, é mudança, senão o que seria a vida?’ e bailando de novo o novo ao tempo no vento suas roupas alvas se fazem pomba que voa e sobrevoa em círculos a cabeça de um velho andarilho que segue a vida da transformação, que segue e dança, seguindo, com seu cajado na mão.” (Ubiratan Mattos)
Aspectos Gerais

Dia: sexta-feira.
Símbolo: opaxorô (cajado) 
Metal: prata, ouro branco, chumbo e níquel.
Elemento: ar.
Folhas: lírio, manjericão, macaçá, girassol, malva, boldo.
Domínios: Atmosfera e céu.
Sincretismo: Jesus Cristo, Senhor do Bonfim (15/01)
Cores: branco leitoso. 
Comida: canjica, acaçá de inhame, arroz com peito de frango, arroz doce.
Saudação: Xeueu, Babá!


Fontes:
O Candomblé bem explicado, de ODÉ KILEUY & VERA DE OXAGUIÃ, Pallas Editora.
Candomblé, A palena do Segredo, de Pai Cido de Osun Eyin, Editora ARX.
Águas de Oxalá, de José Beniste.

OXAGUIÃ


Senhor dos contrastes, poderoso estrategista e astucioso, Oxaguiã é o guerreiro jovem da família dos orixás funfuns (Orixás brancos). É saudado como Eleejigbô, o “senhor de Ejibgô”, na cidade de mesmo nome, na Nigéria. No Brasil, possui diversos codinomes: Orixá Oguiã, Oxalaguiã, Oxaguim, Xaguim, Oxodim.
Alguns o tratam como o filho de Oxalufan, considerado como o mais novo dos orixás do panteão de branco, mas isto não o transforma em um jovem, pois nenhuma divindade integrante deste grupo é considerada jovial, porque são pertencentes à época da criação, o que os torna possuidores da idade imemorial. Oxaguiã só é menos ancião que seu pai. Outros dizem que Oxaguiã é o Oxalá novo, aquele que carrega a espada e o escudo.

Também conhecido como Ajagunã, é o conflito que antecede a paz, a própria a revolução que dá início à evolução, visando o futuro de maneira abrangente e não superficial, necessária ao dinamismo da vida e da sociedade, e busca do conhecimento.

Orixá do progresso e da cultura, o Orixá da vida e também da efervescência da vida, da discussão, da guerra e do avanço, da estratégia, da inteligência, do branco, do claro, do positivo e do masculino! Oxaguiã é também guerreiro e destrói para concretizar que o novo se estabeleça.
É o patrono da agricultura e das árvores. O grande orixá do inhame pilado. É o único orixá funfun que guerreia, usando para isso uma espada e um escudo que recebeu de Ogun.
Além do raciocínio, esse orixá usa o artifício da guerra em determinados momentos. Grande estrategista, não entra numa guerra sem antes pensar muito bem para não pôr em risco seus exércitos. Antes de guerrear ele tenta promover a paz. Foi ele quem trouxe para o homem o ensinamento da pacificidade, da disciplina, da hierarquia e do respeito e, por isso, gosta de mostrar a guerra e a paz, para que o ser humano possa fazer sua escolha.

As pessoas com problemas de saúde a ele recorrem para que intervenha e faça a vida prevalecer sobre a morte, porque ele transita nestes dois campos. Esta sua vida/morte é comprovada pelo uso de suas cores: o branco, elemento símbolo do ar, da vida, produto do orum, e o azul (o seguí), representando o preto da terra, ele mento do aiê. Oxaguiã promove a comunicação entre todos os orixás e também entre estes e os homens.

Oxaguiã criou o pilão (ojó odó) e a mão-de-pilão, que se tornaram seu emblema e proporcionaram-lhe o título de “senhor do pilão”. Este utensílio, dentro da religião, também pertence a Xangô, o orixá patrono dos elementos fabricados com a madeira.

Oxaguiã representa o nascer do dia, simbolizando o primeiro raio de Sol que esquenta a terra fria da madrugada. Ele é a claridade vencendo e cortando a escuridão da noite, “acordando” o dia e ajudando o homem a criar um novo ciclo de vida.

Os filhos de Oxaguiã são trabalhadores, organizados e lutadores, ótimos líderes e estrategistas e bons parceiros, tanto na vida pessoal e amorosa, como nas amizades. São pessoas generosas, alegres, extrovertidas e felizes. Dedicados e bondosos, sabem fazer e conservar amigos. Seu lado intelectual é bem desenvolvido. Gostam de desafios e defendem os injustiçados e incompreendidos, procurando sempre estar em defesa da verdade, por meio da argumentação. Embora sejam guerreiros, não procuram confusões ou brigas, e não costumam ser agressivos.


Aspectos Gerais
Dia: sexta-feira
Símbolo: espada, mão de pilão, varas de atori, ofá
Elemento: o ar e a atmosfera
Folhas: cana-do-brejo, manjericão, alecrim, boldo
Domínios: lutas diárias (pelo sustento e trabalho), paz, alimentação.
Sincretismo: Menino Jesus de Praga, Espírito Santo.
Saudação: Xeueu, Babá!


NANÃ


Nanã Buruku, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo. Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo e é respeitada como mãe por todos os outros orixás.
Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a terra. Nana é água parada, é barro, é vida, é morte, é a mãe maior, é a luz que nos guia. Ela pode ser a lembrança angustiante da morte para aqueles que encaram esse momento como algo negativo e pode ser um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos. Seu cetro primordial, o ibiri, feito com palha-da-costa, também é enfeitado com búzios e é reconhecido como seu descendente, porque nasceu com ela, está contido nela e carrega todo o seu poder. É a Grande Mãe de onde tudo nasce e tudo retorna. Dona da sabedoria e da justiça que vem da natureza.
Nanã é o orixá que rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Liberta o passado para iniciar um novo ciclo com consciência e clareza numa condição mais equilibrada. Atuando na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), ela age na decantação emocional e no adormecer dos conhecimentos do espírito que irá encarnar para não haver interferência no destino da nova vida a ser vivida.   É o orixá responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne) das almas.
É a grande Orixá, mãe e avó, protetora dos idosos (fase em que as recordações começam a ser adormecidas), padroeira da família, tem o domínio sobre as enchentes, as chuvas, bem como o lodo produzido por essas águas. É a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.
Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. Gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. Quando mães são apegadas aos filhos, muito protetoras, ciumentas e possessivas. Exigem atenção e respeito, são introvertidos e não gostam de muitas brincadeiras. Os filhos de Nanã são majestosos e seguros nas ações procurando sempre o caminho da sabedoria e da justiça. São pessoas bondosas, decididas, conservadoras, simpáticas, mas principalmente respeitáveis. Em geral têm uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência. O perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural.


Aspectos Gerais
Dia: sábado
Símbolo: ibiri
Elementos: água e terra
Folhas: fortuna, samambaia, manacá, melão-de-são-caetano, crisântemo roxo.
Domínios: lagos, pântanos, águas profundas, lama, barro, vida e morte, cemitério.
Sincretismo: Sant'Ana (26 de julho)
Cores: roxo e lilás.
Saudação: Saluba, Nanã!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

EWÁ



Também conhecida como ÌyáWa. Assim como Iemanjá e Oxum, também é uma divindade feminina das águas e, às vezes, associada à fecundidade. Divindade feminina da guerra e da caça, e como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos iorubás, é a divindade de um rio conhecido como Iewá, na Africa, que fica na antiga tribo Egbado (atual cidade de Yewa) no estado de Ogun na Nigéria.
Édotada de raríssima beleza e seu nome pode ser traduzido como “senhora da beleza, da grandiosidade”! Conforme apontado perante seu culto, recebeu de Olorum a condição de ensinar ao ser humano as diferenciações que se completam e se complementam, como o frio e o calor, a noite e o dia, o bom e o mau etc. Também conhecida como “a senhora da saúde”, consegue transformar a doença em saúde ou vice-versa.
Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Luzia, a protetora dos olhos que é comemorada em 13 de dezembro. É a padroeira dos oftamologistas e daqueles que têm problemas de visão.
Apesar de apresentar elementos tanto da terra como do ar, é inserida no elemento água, principalmente a água da chuva, e também na faixa branca do arco-íris. Isto lhe possibilita suprir a terra constantemente de água, mostrando a versatilidade de sua transformação e a sua adaptação aos variados ambientes. É reverenciada como a dona do mundo e dona dos horizontes. Se você quer melhorar ou preservar sua visão sobre o mundo, entre em sintonia com a energia dessa Orixá, mentalizando-a. E se puder, tome um banho de cachoeira ou de chuva.
Conforme se crê, as virgens contam com sua proteção e, aliás, supostamente tudo o que é inexplorado conta com sua proteção: a mata virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode navegar ou nadar. A própia Ewá, acreditam alguns, que só rodariam em mulheres virgens (o que não se pode comprovar), pois ela mesma seria uma virgem. Entretanto, uma característica marcante de Ewá é não subir a cabeça de homens, sendo um orixá feito somente em filhos de santo mulheres.
Ewá é o Orixá da alegria, do belo, dos cantos, da vida e das belezas que a vida nos dá. Ewá é quem rege todas as mutações, seja elas orgânicas ou inorgânicas; é o Orixá responsável pela mudança das águas, de seu estado sólido para gasoso ou vice-versa. Ela é quem gera as nuvens e chuvas: quando olhamos para o céu e vemos as nuvens formando figuras, pois ali esta Ewá, dando diferentes formas. É responsável pelo ciclo interminável de transformação da água em seus diversos estados.
Ela está ligada às mutações dos vegetais e animais e às mudanças e transformações, sejam bruscas ou lentas; Ewá é o desabrochar de um botão de rosa, ela é uma lagarta que se transforma em borboleta, ela é a água que vira gelo e o gelo que vira água, ela quem faz e desfaz. Ewá é a própria beleza contida naquilo que tem vida, é o som que encanta, é a alegria, é a transformação do mal para o bem: enfim Ewá é a vida. Patrona da sensibilidade e “senhora da visão”, permite ao homem a condição de se beneficiar e apreciar a beleza que o rodeia.
Os filhos de Ewá costumam se elegantes, de boa aparência, delicados, sensíveis e requintados. Prezam geralmente por uma vida pacata e límpida. São pessoas extremamente educadas, dignas, de bom gosto, que não compactuam com baixarias e vulgaridades. Extremamente fieis e leais, buscam manter uma relação estável e saudável com as pessoas que os circundam. Marcadas pela intelectualidade, estão atentos sempre à modernidade, novidades por meios de estudos e pesquisas.
Introspectivos, tem como traço seu equilíbrio e tranquilidade. São prestativas e se preservam quanto a moral e educação, ou expor seus sentimentos. Religiosas e sensitivas, conseguem através da meditação alto grau de vidência e percepção, devendo utilizar esse dom sempre para ajudar seu próximo.

Aspectos Gerais
Dia da semana: sábado
Símbolos:Ejô (cobra) e Espada,Ofá (lança ou arpão)
Elementos: Astros e Estrelas, Águas das nascentes, nuvens
Folhas: vitória-régia, cana do brejo, erva-de-Santa-Luzia
Cores:Amarelo-escuro, Coral e Vermelho
Comida:milho com côco, batata doce, canjiquinha, banana da terra inteira feita com azeite de dendê e com farofa do mesmo azeite
Plantas: Arrozinho, baronesa (alga), golfão.
Domínio: olho d'água
Pedras: rubí e quartzo rosa
Metal: cobre
Sincretismo: Santa Luzia (13 de dezembro)
Saudação:Riró!

Oração a Ewá
Senhora do céu rosado, senhora das tardes enigmáticas; senhora das nuvens carregadas, esteira do arco-íris.
Senhora das possibilidades das vantagens e dos caminhos do encantamento e da beleza, da alegria e da felicidade.
Senhora das brumas dissipe as nuvens dos meus caminhos; ó poderosa princesa!
Invoque as forças dos ventos a meu favor, que a chuva me cubra de prosperidade, que sua coroa cubra meu destino; ó princesa-mãe do oculto!
Que eu seja o seu filho perdido e bendito e em suas graças; que a névoa que existe hoje em meus passos seja límpida no amanhã!
Que assim seja!

Bibliografia

KILEUY, Odé; OXAGUIÃ, Vera. O Candomblé Bem Explicado: Nações Bantu, Iorubá e Fon. 1. ed. 2 reimpressão. Rio de Janeiro: Pallas, 2014. p. 243-252.
SARACENI, Rubens. Orixás: Teogonia de Umbanda. 4. ed. São Paulo: Madras, 2012.
Ewá. Taba de Oxossi Caçador. Disponível em: <.">http://tabadeoxossi.tripod.com/id19.html>. Acesso em: 29 jul. 2014.
Ewá. Raízes Espirituais. Disponível em: < .">http://www.raizesespirituais.com.br/orixas/ewa/>. Acesso em: 29 jul. 2014.
Ewá | Candomblé. O Candomblé. Disponível em: <.">http://ocandomble.wordpress.com/os-orixas/ewa/>. Acesso em: 29 jul. 2014.

OBÁ




Obá é um Orixá ligado à água. Representa a mulher consciente do seu poder, que luta e reivindica os seus direitos, que enfrenta qualquer homem – menos aquele que tomar o seu coração. Ela abraça qualquer causa.
Em toda a África Obá era cultuada como a grande deusa protetora do poder feminino, por isso também é saudada como Iyá Agbá, e mantém estreitas relações com as Iya Mi. Era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino.
Corajosa e destemida, Obá tem características que a assemelham e a ligam a outras divindades femininas, como Oiá e Iewá.
O gosto pela batalha é o que movimenta Obá e lhe garante muita liderança. Não aceita a injustiça com o ser humano, seja na parte social, jurídica ou religiosa, e está sempre ao lado do que for mais justo e correto. Não gosta de ações ou pessoas que tragam prejuízos a outrem, acreditando que o ser humano deve buscar ser feliz, mas sem tornar infeliz o seu semelhante. Por esse entendimento e comportamento, é uma divindade leal para com seus objetivos, que não perdoa nem ajuda aqueles que fogem dos seus princípios morais.
As pessoas consagradas a essa divindade têm grande senso de justiça e amizade. Consideram a estima e a afeição sentimentos que vencem qualquer obstáculo.
  
Aspectos Gerais
Dia: quarta-feira
Símbolos: ofange (espada), escudo de cobre, Ofá (arco e flecha)
Elementos: fogo e águas revoltas
Folhas: iroco, mutamba, nega-mina, mangueira, rosa branca
Domínios: amor e sucesso profissional
Sincretismo: Santa Joana d'Arc (30 de maio)

Saudação: Obà Siré!

IEMANJÁ


Yemanjá, também conhecida como Janaína, Rainha do Mar, Inaê,  é um orixá africano cujo nome deriva da expressão ioruba Yéyé omo ejá ("Mãe cujos filhos são peixes").
Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimentam um grande número de iniciados e simpatizantes. Para Yemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora no sincretismo.
É conhecida como “senhora dos mares” e “mãe de todas as cabeças” (iyá ori). Este título tornou-a responsável pelo equilíbrio emocional, psicológico e espiritual do ser humano, provendo o homem da harmonia necessária para ter uma boa existência e convivência no aiê.
Iemanjá representa a água que refresca e dá vida à terra, que ajuda na procriação e na geração de novos seres. A água que acalma.
No oceano, Iemanjá controla as marés através das fases da Lua e com a força do vento, que agita suas águas e faz com que elas se mostrem ora calmas, ora tenebrosas e temerárias.
Iemanjá protege os recém-nascidos, inclusive os abicus (aqueles que já vêm para o aiê com uma data predeterminada entre eles para voltar ao orum). Como mãe-protetora, apazigua-os e tenta modificar essa situação, através de vários rituais, afastando-os e defendendo-os da morte (Iku), ligando-se assim com Oiá, a mãe dos “filhos-abicus”.
Iemanjá é a padroeira dos pescadores. É ela quem decide o destino de todos aqueles que entram no mar. 

Aspectos Gerais
Dia: sábado
Símbolos: abebé, afange, leque
Elemento: água
Folhas: alfavaca, macaçá, capeba, lágrimas de Nossa Senhora, Jasmim, alfazema, lavanda
Domínios: oceanos e praias
Sincretismo: Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora da Conceição (08 de dezembro e 02 de fevereiro)
Saudação: Odoyá!


OXUM


Osun, Oshun, Ochun ou Oxum, na Mitologia Yoruba é um orixá feminino. O seu nome deriva do rio Osun, que corre na Iorubalândia, região nigeriana de ijexá e Ijebu.
É representada pela Umbanda e Candomblé, material e imaterialmente, por meio do assentamento sagrado denominado igba oxum.
Deusa da beleza e da meiguice, inconstante e movimentada como suas águas doce, orixá dócil, guerreira e sensual com uma variedade de sobrenomes chamada de Abalu, Iêiê Pondá, Opará, Igemu, Iêiê Káre, Iyá Mapô,Onira, Ayalá, etc, porém com qualidades que se unifica pela feminilidade, sensualidade e maternidade. Força do elemento água, prisma que transcende o amarelo-ouro. Ervas como oriri, colônia e saião são usados para proporcionar descarga de energias de ordem negativas.
A sua saudação Ore Yêyê ô, encanta e aclama os filhos da Oxum, a senhora da cabeça, a cabeça que representa o mundo, o mundo que é gerador de vidas, as vidas que surgem das barrigas, as barrigas que são regidas por esta divindade. 
Oxum é a Divindade que está assentada no pólo positivo o Trono Mineral, o Trono do Amor e atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor, fraternidade e união. Ela dá de beber as folhas de Ossain, aos animais e plantas de Oxóssi, esfria o aço forjado por Ogum, lava as feridas de Obaluaiê, compõe a luz do arco-íris de Oxumarê. Oxum está em tudo, pois, se amamos algo ou alguém é porque ela está dentro de nós. Como o rio, que sempre caminha para o mar, a Oxum está diretamente ligada à Rainha do Mar, encabeçando a legião das sereias de águas doces.
No sincretismo chamamos de Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora da Conceição, festejada no dia 08 de dezembro. Ha um rio que tem o seu nome e desagua na Lagoa de Oloba próximo ao Golfo de Guiné, depois do território de Ijexa. Os africanos iorubas fizeram de suas lindas mulheres os mais belos rios da África: Oia na Nigéria e o Rio Oxum, em Oxogbo, a morada mais bela de Iyaba. Dessa forma, o toque dos atabaques para a dança, denominado Ijexa, mostra a beleza da mulher faceira que exibe os seus colares e as pulseiras, dançando diante de um espelho, vaidosa, linda e sedutora.
Oxum é a força dos rios, que correm sempre adiante, levando e distribuindo pelo mundo sua água que mata a sede. É a Mãe da água doce e Rainha das cachoeiras. Orixá da prosperidade e da riqueza interior, ela é a manifestação do amor, puro, real, maduro, sensível e incondicional, por isso é associada à maternidade e ligada ao desenvolvimento da criança ainda no ventre da mãe. É Oxum que gera o nascimento de novas vidas que estarão no período de gestação numa bolsa de água.
Na natureza, o culto à Oxum costuma ser realizado nos rios e nas cachoeiras e, mais raramente, próximo às fontes de águas minerais.

Oração a Oxum:

Ora minha mãe Oxum, Salve dourada senhora. Da pele de ouro! Benditas são suas águas, e essas mesmas águas lavam meu ser e me livram do mal. Oxum, Divina Rainha, bela Orixá, venha a mim, caminhando na Lua Cheia. Traga mãe, em suas mãos, os lírios do amor e da paz. Torna-me doce, sedutora, suave, como és. Mamãe Oxum, me proteja Orixá. Faça que o amor seja constante em minha vida Que eu possa amar a tudo o que existe. Proteja-me contra as mandingas e feitiçarias. Daí a mim o néctar de sua doçura e que eu consiga o que desejo. Mãe do ouro, da beleza e do amor, senhora do mais puro Axé, valei-me hoje e sempre. Assim seja!

Aspectos Gerais
Dia: sábado
Símbolos: abebé, adaga, espada
Elemento: água
Folhas: oriri, colônia, saião
Domínios: Água doce, rios, cachoeiras
Sincretismo: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora da Conceição
Saudação: Ora yê yê ô!
Referências

KILEUY, Ode; OXAQUIA,Vera. O candomblé bem explicado: Nações Bantu, Iorubá e Foz; Edição 1, Editora Pallas, 2009.
Acesso:
 http://www.raizesespirituais.com.br/orixas/oxum/ em 30 de julho de 2014.

IANSÃ



Iansã é um Orixá feminino, também cultuada sob o nome de Oyá. Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara. O nome Oyá significa “raio”, Oyá recebeu o nome de Iansã por também fazer referência ao entardecer. Iansã pode ser traduzido como a mãe do céu rosado ou a mãe do entardecer.
Costuma ser saudada após os trovões, não pelo raio em si. Dentre seus títulos, podemos citar “senhora dos ventos”, “senhora dos raios”, “rainha dos Eguns” (espíritos dos mortos), os quais controla com um rabo de cavalo chamado Eruexim - seu instrumento litúrgico durante as festas, uma chibata feita de rabo de um cavalo atado a um cabo de osso, madeira ou metal. 
Como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos iorubás, é a divindade de um rio conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Oyá, pelos africanos, isso, porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água.
Orixá guerreira, é força de magia que afasta males e influências negativas, amparando a todos que a ela recorram. Seu poder vibratório anula cargas, vencendo nesse sentido demandas e feitiços de qualquer natureza.
É a aplicadora da lei na vida dos seres emocionados pelos vícios. Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres: ela os esgota e os redireciona, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma menos "emocional".
Dominando os ventos, Iansã transforma-os em tempestades, tufões, furacões e ciclones, mas também possibilita que o ar que respiramos torne-se puro e limpo, equilibrado na quantidade exata de oxigênio necessária à vida na terra e nas águas. Iansã relaciona-se amplamente com todos os elementos da natureza: água, ar, terra, fogo e também com as matas. Seu vento movimenta as águas; ajuda a revolver as terras, possibilitando a agricultura; atiça o fogo; dá vida à imobilidade; oferece ao homem sua energia, a energia eólica, sem custo algum. 
O fogo é também um de seus símbolos mais marcantes e um elemento primordial, porque o homem conseguiu, através dele, um grande progresso em sua existência. O fogo sustenta a vida! Possui também o simbolismo do calor da paixão, do amor necessário às espécies que esquenta e impulsiona o coração!
Os filhos de Iansã são pessoas que chamam a atenção por sua postura física imponente. São diretos com as palavras, costumam ser dinâmicos, possuindo grande energia e imenso rigor. Alegres e muito carismáticos, são agradáveis de conviver. São generosos, apaixonados pela vida, independentes e muito batalhadores. A amizade para eles é algo muito sério, que deve ser conservada com muito zelo e responsabilidade. 
Oração a Iansã
Querida Mãe Iansã, defenda da inveja, do negativismo e das demandas. Com o vento, seu domínio Minha Mãe, varra todas as minhas dúvidas e com o fogo sagrado do seu amor aqueça o meu coração. Iansã, rainha de Xangô, rainha dos raios, que a sua espada defenda todos os meus desejos, minha casa e meu trabalho. Que a sua coroa brilhe em minha mente, assim como brilha sempre ao raiar do sol e com isso eu possa enxergar os caminhos pelos quais devo passar para crescer espiritualmente. Olhe Iansã, por seu filho(a) que lhe pede (fazer pedido). Epahei Oyá!
Aspectos Gerais 
Dia: quarta-feira (simboliza o elemento fogo) 
Símbolo: Alfanje, chifre de búfalo e Eruexim (rabo de cavalo com cabo de ferro ou cobre)
Elemento: fogo e ar
Folhas: bambu, sensitiva, espada de iansã, louro, manjericão, pitangueira etc.
Domínios: atmosfera
Aspectos da Natureza: vento, tempestade
Cores: vermelho e branco, apenas vermelho, apenas branco.
Metais: cobre
Sincretismo: Santa Bárbara (04 de dezembro)
Saudação: Eparrei, Oya! Eparrei Inhansã!


TEMPO

Tempo ou Iroko é um orixá muito antigo. 
Iroko é a árvore primordial. É o primeiro presente da terra aos homens. Existe desde o princípio dos tempos, a tudo assistiu, resistiu e resistirá. É uma poderosa árvore que abriga divindades ancestrais e liga a terra ao céu e foi por ela que todos os demais orixás desceram à terra. Em todas as reuniões dos orixás ele está sempre presente, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É o orixá das florestas, das árvores, dos espaços abertos. Governa o tempo em seus múltiplos aspectos. É implacável. Age nas mudanças climáticas e nas variações do tempo. Acompanha e cobra o cumprimento do carma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo. É um orixá raro, de poucos filhos.
Iroko é a própria representação da dimensão tempo. É o Senhor que está sempre em movimento entre uma e outra extremidade dos polos. Tempo é simultaneamente equilíbrio e desequilíbrio. Ele é o segundo, o minuto, a hora, os dias, os anos, os séculos e os milênios. Tempo rege as estações do ano sendo responsável pela passagem de uma para outra. Está ligado ao frio, ao calor, à seca, às tempestades, ao ambiente pesado e ao ambiente agradável. É o senhor da cronologia e da meteorologia, é o responsável pelas catástrofes que assolam a terra, as quais vêm advertir a humanidade que precisa zelar pela natureza e não dominar à sua força. Tempo está vinculado ao meio ambiente, pois qualquer choque ambiental tem a sua regência. Ligado intimamente aos quatros elementos da natureza. Ele é a essência da vida reprodutiva, do poder da terra, do perene e imutável ciclo vital. Ensina ao homem a compreender as leis divinas e não desafiá-las.
No Brasil é considerado o protetor de todas as árvores e está associado em particular à gameleira branca. É o protetor das crianças indefesas. É invocado geralmente em situações difíceis como quando ocorre o desaparecimento de pessoas ou em sérios problemas de saúde físico ou mental.
Os filhos de Iroko são eloquentes, inteligentes, sábios, camaradas, alegres, temperamentais, competentes, teimosos, turrões e generosos. Habilidosos profissionais e seres dotados de nobres vibrações. Carregam o perfil psicológico daquele que mais ouve do que fala. Seus filhos são dotados de grande senso de justiça. Possuem caráter firme, sem hesitações. Adoram cozinhar, dançar, celebrar, conversar e quando envelhecem, não perdem a jovialidade.

Aspectos Gerais
Dia: terça-feira
Símbolo: gameleira branca ou outra árvore (tronco)
Elemento: fogo, água, terra e ar.
Folhas: iroco, flores brancas, orquídeas.
Domínios: ancestralidade, vida, morte, doenças, catástrofes, força da natureza, tempo.
Sincretismo: São Francisco de Assis(4 de outubro) e São Lourenço (10 de agosto).
Cores: branco, verde e cinza(castanho).
Comida: inhame, ajabó, o caruru, feijão fradinho, o deburu, o acaçá, o ebô e outras.
Saudação: Zará Tempo! Tempo Yió! Iroko Kissilé!

LOGUN EDÉ


Logunedé ou Logun Edé, do iorubá Lógunède, é um orixá africano que se apresenta na mitologia como filho de Oxóssi Ibualama e Oxum Ipondá. É cultuado na nação Ijexá, como também nas nações Queto e Efan. No Brasil, é cultuado apenas no Candomblé, sendo tratado como orixá menino, contudo, no Panteão das divindades, trata-se de um orixá-filho.
Logun é o ponto de encontro entre os rios e as florestas, as barrancas, beiras de rios, e também o vapor fino sobre as lagoas, que se espalha nos dias quentes pelas florestas. Rei de Ilexá (Ijexá - cidade da Nigéria), caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.
Segundo a mitologia, permanece seis meses com as características de Oxum mais evidentes, vivendo nos rios, pescando, e seis meses com as de Oxóssi mais predominantes, vivendo nas matas, caçando.
É considerado um orixá “metameta” por confluir as características de Oxum e Oxóssi, o que leva a equivocada interpretação que seria Logun Edé, um orixá hermafrodita. Na realidade, trata-se de um orixá masculino, herdeiro das energias de seu pai e sua mãe, que se fundem e se mesclam como mistério da criação. Oxum lhe confere características relacionadas a doçura, o carisma, a maternidade, a pesca e a prosperidade, Oxóssi lhe atribui a astúcia e bravura do caçador, a paciência do pescador, a habilidade e o conhecimento. Porém, Logun Edé tem suas próprias características, traduzidas pelo poder da magia e da riqueza, sendo um grande conhecedor da medicina das folhas. Gosta de internar-se nas matas à procura de lagoas límpidas e profundas, sendo reconhecido como “príncipe das águas azuis”. Assim, tornou-se o amado, doce e respeitado príncipe das matas e dos rios, e tudo que alimenta os homens, como as plantas, peixes e outros animais, tendo a astúcia dos caçadores e a paciência dos pescadores como principais virtudes.
Como simbologia, tem no cavalo-marinho o seu representante, devido à postura deste animal, que independe do movimento das marés. Outros animais que têm simbolismo com Logun são: o camaleão, o pavão e o faisão (espécimes de extrema beleza e porte majestoso). Carrega numa das mãos um ofá e na outra um abebé dourado, trazendo ainda uma capanga e um berrante.
Pela característica desse orixá, nele se forma um “Triangulo Iorubá”, constituído pelo pai (Oxóssi), mãe (Oxum) e filho (Logun Edé), a exemplo das tríades sagradas: Pai, Filho e Espírito Santo (Catolicismo), Isis, Osíris e Hórus (Egípcia), Brahma, Vishnu e Shiva (Hinduísmo), entre outras.
Sincretizado como Santo Expedito, o qual segura a cruz da espiritualidade e o ramo de palmeira, como elemento da natureza – Logun Edé faz analogia, com o espelho de Oxum: representando a espiritualidade, e o arco e flecha de Oxóssi: representando a caça e os elementos da natureza.
Para Mãe Menininha do Gantois, "Logun é santo menino que velho respeita".
Seus filhos são pessoas agradáveis e educadas. Vestem-se com muita sutileza e elegância. Sensíveis, inteligentes, com raciocínio rápido, “pescam” as coisas no ar. Tenazes, persistentes, nunca desistem de seus objetivos. Procuram sempre coisas novas, pois gostam de viver bem. Possuem grande sensibilidade a tudo que é belo; gostam muito de objetos de arte. É por meio da mistura do amor com a magia que Logun Edé consegue fazer com que seus filhos tenham uma vida harmoniosa e se tornem pessoas mais equilibradas.
Aspectos Gerais:
Dia: quinta-feira;
Símbolo: Ofá (Arco e Flecha), Abebè (Espelho na mão) e Cavalo-marinho;
Elemento: Terra (floresta) e Água (de rios e cachoeiras);
Folhas: As mesmas de Oxóssi e de Oxum;
Domínios: Riqueza, Fartura e Beleza;
Sincretismo: Santo Expedito (19 de abril);
Saudação: Loci loci, Logun!.
Referência Bibliográfica:
LOPES, Nei. Logunedé, Santo menino que velho respeita. São Paulo: Pallas.
KILEUY, Odé; OXAGUIÃ, Vera de, O Candomblé bem explicado. São Paulo: Pallas


XANGÔ



Xangô é o orixá da justiça, dos raios, do trovão e do fogo e seu campo de atuação preferencial é a razão, despertando nas pessoas o senso do equilíbrio e da equidade. Xangô é sabedoria, amor e respeito à vida. Ele é o poder transformador do fogo que dá ânimo para nossa vida, queima e destrói tudo que é ruim. Ele é dinamismo, é equilíbrio cármico.  Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível. Seu mistério está representado na rocha, nas pedras fixas e inabaláveis. Sua voz é o trovão, que expande a lei e a ordem divina. 
É o senhor da justiça e das leis, sejam religiosas, do homem e até mesmo morais. É experiência e sabedoria. Seu machado de dois gumes é o símbolo da imparcialidade, do poder em toda sua plenitude. Sua lei é como rocha, dura e cega. Xangô é poderoso, autoritário e justo, tem um grande e bom coração. Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Com sua lei, liberta as consciências em evolução. É rigoroso e não aceita injustiças, falsidades, mentiras ou maldades. Xangô é o orixá que decide sobre o bem e o mal.
Ele é ideologia, decisão, vontade e iniciativa. É a rigidez, a organização, o trabalho, o progresso social e cultural. Ele é a determinação de vencer, é a lei de causa e efeito. É o protetor de todos que exercem com bondade as práticas das leis, sejam juízes, advogados, etc. Xangô é o responsável pela solução das pendências e das injustiças, dando a quem merece o devido castigo e a vitória ao injustiçado. É a ele que devemos recorrer nas demandas espirituais, nos processos judiciais e em todos os assuntos ligados à lei e a justiça. 
Os filhos de Xangô são pessoas confiáveis, benevolentes, diplomáticas, críticas, exigentes e rigorosas.  Possuem a habilidade em verem os dois lados de uma questão. São líderes por natureza, justos, honestos e equilibrados. Apresentam uma alta dose de energia e autoestima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção. Mesmo sabendo ouvir, gostam de dar a última palavra. Conscientemente são incapazes de cometer injustiça. Apesar de autoritário a bondade do filho de Xangô é grande, ele concilia severidade com justiça, exigência com reconhecimento, cobrança com recompensa.
Por maiores que sejam as provações que ele tenha que passar haverá sempre uma sorte fantástica a protegê-lo que o anima e encoraja a prosseguir. É franco, não esconde seus sentimentos, não finge nem dissimula. Quando as coisas não saem como ele deseja, não se deixa prender pelo desânimo e mesmo tendo que alterar seus planos iniciais, não deixa de acreditar que tudo vai mudar para melhor. Trabalhando muito, com honestidade conquistará tudo o que merece.  
Aspectos Gerais
Dia: quarta-feira.
Símbolo: Oxé (machado de lâmina dupla).
Metal: estanho.
Elemento: fogo.
Folhas: louro, folhas de café, cipó mil homens, hortelã, manjerona, erva de São João etc
Domínios: Montanha, raio, trovão, pedreira (formações rochosas)
Sincretismo: São João (24 de junho) São Jerônimo (30 de setembro).
Cores: vermelho e branco (ou marrom).
Comida: Agebô, Amalá.
Saudação: Kaô Kabiesilê!

OMOLU


O Orixá Omolu, também conhecido como Obaluaiê, é uma poderosa manifestação de Olorum (Deus), associada à terra, à saúde e à riqueza para o povo iorubá e tem o seu nome traduzido como “senhor de todos os espíritos da terra”. Orixá da renovação dos espíritos, senhor dos mortos e regente dos cemitérios, é considerado o campo santo entre o mundo material e o mundo espiritual.
Omolu, misericórdia divina com a humanidade, ajuda aos cientistas e estudiosos a investigarem as doenças para descobrirem os remédios para os tratamentos e curas. É ainda reconhecido carinhosamente como “médico dos pobres”, por trazer o alívio às dores dos seres humanos.
No campo da evolução humana atua no momento do encarne – cria a ligação energética entre o espírito reencarnante e o corpo material que irá se desenvolver no ventre materno, promovendo ainda a redução do corpo plasmático do ser que está se ligando à matéria, para que este agora acompanhe nova jornada evolutiva noutra formação física em adaptação.
Age também no momento do desencarne, isto é, na passagem do plano material para o espiritual, no sentido de paralisação das forças físicas, sendo conhecido também como “Senhor das Passagens”.
Agente da misericórdia, ainda leva o amor divino, a guarida e proteção a todos aqueles seres que caíram, pelas suas impetuosidades, impulsividades, egoísmos e vicissitudes, para que todos esses filhos caídos possam retornar novamente à trilha do progresso.
Este grande Orixá se manifesta à visão humana com o corpo coberto de palha da costa, elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados à morte e ao sobrenatural.
Carrega um símbolo chamado Xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas e com pequenas cabaças, que representam a sua posição de curador, pois porta os remédios. Com estes instrumentos, capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como “varre” as doenças, impurezas e males sobrenaturais, mostrando, assim, sua ligação com a terra.
Os devotos de Omolu lhe atribuem curas milagrosas, realizando oferendas de pipocas (deburus), em sua homenagem ou jogando-as sobre o doente como descarrego.
Omolu também está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que este elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.
É homenageado no dia 16 de agosto, quando há uma grande festa, o Olubajé, que tem como finalidade mostrar aos homens, por meio da comida, da bebida e da dança, que eles devem ser amigos dos seus semelhantes.
Os filhos de Omolu são geralmente pessoas muito reservadas, calmas, pacatas, que possuem uma existência sóbria, capazes de se abster da própria vida em prol de outros. São sinceras, inteligentes, excelentes alunos da vida, bons observadores e assimilam com facilidade tudo que veem. Não se esquecem das mágoas sofridas e reprimidas, mas não fazem disso um vale de lágrimas.
Divino Orixá que traz a luz violeta para transmutar toda carga negativa, ilumina, ilumina, ilumina os seus filhos para o novo dia da renovação. Atotô!
Aspectos Gerais
Dia: Segunda-feira
Símbolo: Xaxará e lança de madeira
Metal: Chumbo
Elemento: terra e fogo do interior da terra
Cores: branco, preto, vermelho, marrom
Folha: mamona
Bebida: Aruá
Domínios: Doenças epidêmicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.
Sincretismo: São Roque (16/08) ou São Lázaro (17/12)
Saudação: Atotô!

Referências
KILEUY, Odé; OXAGUIÃ, Vera. O Candomblé Bem Explicado: Nações Bantu, Iorubá e Fon. 1. ed. 2 reimpressão. Rio de Janeiro: Pallas, 2014. p. 243-252.
SARACENI, Rubens. Orixás: Teogonia de Umbanda. 4. ed. São Paulo: Madras, 2012. p. 151-175.
Omolu. Umbanda, eu Curto. Disponível em: <.">http://umbandaeucurto.com/a-religiao/orixas/omulu/#.U9GvwrHQqsM>. Acesso em: 24 jul. 2014.
Obaluayê. Umbanda, eu Curto. Disponível em: <.">http://umbandaeucurto.com/a-religiao/orixas/obaluaye/#.U9Gvw7HQqsM>. Acesso em: 24 jul. 2014.

VIEIRA, Mãe Lurdes de Campos. Pai Omolu. Disponível em: <http://seteluzesdivinas.org/index