Nanã Buruku, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo. Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo e é respeitada como mãe por todos os outros orixás.
Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a terra. Nana é água parada, é barro, é vida, é morte, é a mãe maior, é a luz que nos guia. Ela pode ser a lembrança angustiante da morte para aqueles que encaram esse momento como algo negativo e pode ser um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos. Seu cetro primordial, o ibiri, feito com palha-da-costa, também é enfeitado com búzios e é reconhecido como seu descendente, porque nasceu com ela, está contido nela e carrega todo o seu poder. É a Grande Mãe de onde tudo nasce e tudo retorna. Dona da sabedoria e da justiça que vem da natureza.
Nanã é o orixá que rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Liberta o passado para iniciar um novo ciclo com consciência e clareza numa condição mais equilibrada. Atuando na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), ela age na decantação emocional e no adormecer dos conhecimentos do espírito que irá encarnar para não haver interferência no destino da nova vida a ser vivida. É o orixá responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne) das almas.
É a grande Orixá, mãe e avó, protetora dos idosos (fase em que as recordações começam a ser adormecidas), padroeira da família, tem o domínio sobre as enchentes, as chuvas, bem como o lodo produzido por essas águas. É a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.
Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. Gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. Quando mães são apegadas aos filhos, muito protetoras, ciumentas e possessivas. Exigem atenção e respeito, são introvertidos e não gostam de muitas brincadeiras. Os filhos de Nanã são majestosos e seguros nas ações procurando sempre o caminho da sabedoria e da justiça. São pessoas bondosas, decididas, conservadoras, simpáticas, mas principalmente respeitáveis. Em geral têm uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência. O perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural.
Aspectos Gerais
Dia: sábado
Símbolo: ibiri
Elementos: água e terra
Folhas: fortuna, samambaia, manacá, melão-de-são-caetano, crisântemo roxo.
Domínios: lagos, pântanos, águas profundas, lama, barro, vida e morte, cemitério.
Sincretismo: Sant'Ana (26 de julho)
Cores: roxo e lilás.
Saudação: Saluba, Nanã!
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