terça-feira, 27 de maio de 2014

OXALUFAN


Oxalufan ou Oxalá é o primeiro e grande Orixá estando associado à criação do mundo e da espécie humana. É o Senhor do espaço físico, pois foi o seu criador e também o responsável por tudo que existe. Ele é ar, a essência da vida, o princípio da criação, o vazio, o branco, a luz, o espaço onde tudo pode ser criado, a paz, a harmonia, ele é a sabedoria que vem após o conflito, o fim e o recomeço. Sob sua regência estão os princípios mais antigos da existência humana, como a agricultura, e os que remontam ao princípio da existência, como a ancestralidade, a vida e a morte, a quem está intimamente ligado.
O opaxorô é seu cetro real e um apoio para o seu caminhar. Caminha apoiado neste cajado cerimonial, que é também o símbolo da ligação que ele estabeleceu entre o Orun (céu) e o Ayê (terra). O alá é o pano branco que simboliza a parte divina, que encobre e protege a parte física, escondendo o seu poder e sua realeza no plano material. Oxalufan é o patrono dos princípios da retidão moral, das tradições e da religião permitindo a perpetuação e a evolução religiosa através dos ensinamentos das liturgias, dos dogmas e da hierarquia. Ele faz despertar em nosso íntimo os sentimentos de fé.
Oxalá é a fonte original de toda luz, a face única que encerra todas as faces, a síntese do amor. Ele é o pai e o filho no mistério da unidade. Seu manto é branco, o raio que contém todas as cores. De movimentos lentos e idade imemorial, é considerado o orixá da paz e bem-estar da humanidade, da paciência e tudo que se refere a ele é ligado à calma e à tranquilidade. Gosta da ordem, da limpeza e da pureza. Oxalá é o pai que ama, dá carinho, acalenta e acompanha o filho por toda a vida.
Oxalufan é a renovação da vida. É o compasso da terra, representação do princípio da criação, espaço onde tudo pode ser criado. É a paz, harmonia e sabedoria que vêm depois do conflito. Por ele as atividades retomam forças e os objetivos se redefinem. É o orixá que limpa e define as coisas. É o brilho que define tudo, que exalta os ânimos, os costumes e as virtudes, que traz à tona a verdade e os contrastes, colocando tudo em seu devido lugar.
Os filhos de Oxalá são literalmente tranquilos e equilibrados, calmos no andar, no agir e no pensar, pois têm a certeza de que tudo se resolve. São prestativos, mas nunca subservientes. Organizados, teimosos, agradáveis, grandes pais ou mães, comedidos e sempre com uma palavra de consolo para seus filhos. Sabem como lidar com todo tipo de gente e com diplomacia consegue tirar sempre o melhor das pessoas. Em geral são compenetradas, introspectivas, de forte poder de liderança e capacidade de decidir, de resolver, de aconselhar. São interessadas, amigas, sonhadoras, escrupulosas e muito honestas. Os filhos de Oxalá são amáveis, prestimosos e espiritualistas. São capazes de solucionar problemas com sabedoria e agilidade, porém podem tornar-se calados e temperamentais. 

“A pomba branca surge no vazio do espaço se mesclando ao branco das nuvens e o azul do céu, ao som do vento, ela baila no tempo e se transforma num velho, o velho de roupas alvas que remetem a paz, a serenidade e sabedoria da idade, o velho, o transformador que transforma a vida, que rodopia e se transforma em novo, e novo de novo bailando ao vento olhando pro tempo diz ‘a vida é transformação, é mudança, senão o que seria a vida?’ e bailando de novo o novo ao tempo no vento suas roupas alvas se fazem pomba que voa e sobrevoa em círculos a cabeça de um velho andarilho que segue a vida da transformação, que segue e dança, seguindo, com seu cajado na mão.” (Ubiratan Mattos)
Aspectos Gerais

Dia: sexta-feira.
Símbolo: opaxorô (cajado) 
Metal: prata, ouro branco, chumbo e níquel.
Elemento: ar.
Folhas: lírio, manjericão, macaçá, girassol, malva, boldo.
Domínios: Atmosfera e céu.
Sincretismo: Jesus Cristo, Senhor do Bonfim (15/01)
Cores: branco leitoso. 
Comida: canjica, acaçá de inhame, arroz com peito de frango, arroz doce.
Saudação: Xeueu, Babá!


Fontes:
O Candomblé bem explicado, de ODÉ KILEUY & VERA DE OXAGUIÃ, Pallas Editora.
Candomblé, A palena do Segredo, de Pai Cido de Osun Eyin, Editora ARX.
Águas de Oxalá, de José Beniste.

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